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‘Tron: Ares’ revê saga ao trazer videogame para vida real – 13/10/2025 – Ilustrada

Há mais de quatro décadas, Kevin Flynn foi sugado para dentro de um jogo. O programador vivido por Jeff Bridges estrela o primeiro “Tron“, recebido com indiferença pelo público e pela crítica em 1982. Mas o subtítulo brasileiro se concretizou. Entre luzes de neon e motos turbinadas, a “Odisseia Eletrônica” da Disney antecipou os games como palco de choques entre a humanidade e o mundo digital.

Quarenta anos e uma sequência depois, os visuais ainda influenciam o sci-fi e a saga volta para sua terceira partida, que chegou aos cinemas na última quinta (9). Se antes a novidade era entrar noutro mundo, a aposta de “Tron: Ares” é que os seres virtuais visitem o nosso. Numa época tomada pela aproximação entre governos e big techs e pelo ChatGPT, as barreiras têm diminuído.

Outros exemplos são a popularização de figuras como a generativa Tilly Norwood e o acordo estabelecido entre o SAG-AFTRA, sindicato de atores americanos, e a indústria de videogames, que ameaçava replicar artistas via inteligência artificial sem autorização.

“Acho que o público ficou mais sofisticado. As pessoas esperam mais, especialmente os fãs. É um público exigente, que não se convence com pouco. O grande conceito agora é a ideia de que esses seres estão vindo para a realidade. É um dilema dos nossos tempos”, diz o diretor Joachim Rønning.

Responsável por continuações rejeitadas como o quinto “Piratas do Caribe” e o segundo “Malévola“, sobrou para ele atualizar esse sistema na era das tecnologias portáteis. A missão é mais desafiadora que a do capítulo anterior. Em 2010, quando “Tron: O Legado” foi lançado, os celulares eram inferiores e os impactos da IA eram menores.

No novo longa, a big tech ENCOM vende seu novo empreendimento —soldados concebidos artificialmente. Consoles e fliperamas viraram passado e armas de guerra são mais lucrativas. Tudo muda quando o líder desse esquadrão, Ares, papel de Jared Leto, passa a questionar o seu propósito.

“Embora a IA seja parte importante, ela não é o assunto do filme. ‘Ares’ é sobre a jornada deste personagem e as descobertas que o tornam humano. Acredito que os filmes da franquia são cautelosos ao pensar o futuro. Neste, mostramos que a IA pode ser usada para o bem e para o mal”, afirma Rønning.

A produção corrobora com os sentimentos conflituosos do cineasta. Na trama, Ares se envolve num imbróglio entre líderes empresariais. Um deles, personagem de Evan Peters, busca a supremacia ao aprimorar o exército eletrônico. A outra, interpretada por Greta Lee, sonha em melhorar o mundo.

Outro reflexo de duplicidade é a divisão entre a “Grade”, ambiente digital que ambienta o universo de “Tron”, e a vida real. Naves sobrevoam prédios e motos cibernéticas percorrem ruas da fictícia Center City, mas o videogame também recebe sequências de ação.

Sobra espaço, inclusive, para homenagear o visual que consagrou a “Odisseia Eletrônica”. Sejam as cores que vibravam no original, sejam os efeitos que impressionavam à época, a cena em questão recebe Kevin Flynn como espectro de um HD empoeirado. Jeff Bridges, aliás, é o único ator que aceitou outra rodada.

Em entrevista ao Collider, Rønning disse que parte do elenco de “Tron: O Legado” recusou a oportunidade de retomar a franquia. Não foi o único obstáculo que o projeto enfrentou nos bastidores. Segundo o Wall Street Journal, “Ares” levou a narrativa a sério demais e quase teve um personagem criado artificialmente.

Na esteira da greve de atores e roteiristas que tomou Hollywood em 2023, a ideia foi descartada. “Houve muita discussão sobre o uso de IA, mas optamos por não usá-la. Nos três anos em que desenvolvemos o projeto, a tecnologia passou a ser usada por todos e virou parte de nossas vidas”, diz o diretor à Folha.

“É uma zona cinza. Era importante não fazer um filme sobre IA porque ela está evoluindo constantemente.” Isso não impediu que a Disney, a Tesla e o X apresentassem ferramentas de inteligência artificial no evento de estreia do filme, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Jared Leto pôde até interagir com a máquina Optimus, robô humanoide que lutou kung fu, dias antes, em um vídeo divulgado por Elon Musk. As cenas mais mirabolantes da saga de ficção estão cada vez mais convincentes.

“Dos ciclos de luz aos cenários, muito foi construído com efeitos práticos”, afirma Rønning. “Era importante que o filme fosse o mais real possível.”

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