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Maduro ofereceu aos EUA participação em riquezas – 11/10/2025 – Mundo

Autoridades venezuelanas, na esperança de acabar com o confronto do país com os Estados Unidos, ofereceram ao governo de Donald Trump uma participação dominante no petróleo e em outras riquezas minerais da Venezuela em discussões que duraram meses, segundo várias pessoas próximas às negociações.

A ampla oferta permaneceu na mesa enquanto o governo Trump chamava ao regime do ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, de “cartel narco-terrorista”, acumulava navios de guerra no Caribe e começava a explodir barcos que, segundo autoridades americanas, transportavam drogas da Venezuela.

Em um acordo discutido entre um alto funcionário dos EUA e os principais assessores de Maduro, o venezuelano ofereceu abrir todos os projetos de petróleo e ouro existentes e futuros para empresas americanas e dar contratos preferenciais a elas.

Além de reverter o fluxo de exportações de petróleo venezuelano da China para os Estados Unidos e reduzir os contratos de energia e mineração de seu país com empresas chinesas, iranianas e russas.

O governo Trump acabou rejeitando as concessões econômicas de Maduro e cortou a diplomacia com a Venezuela na semana passada. A medida efetivamente matou o acordo, pelo menos por enquanto, disseram as pessoas próximas à discussão.

Embora os EUA estejam mirando o que chamam de barcos de drogas, o corte da diplomacia, a concentração militar perto da Venezuela e as ameaças cada vez mais contundentes contra Maduro por funcionários do governo Trump levaram ambos os países a pensar que o seu objetivo real é a remoção de Maduro.

Marco Rubio, secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional dos EUA, tem sido a voz principal na pressão do governo para derrubar Maduro. Ele chamou Maduro de líder ilegítimo e “fugitivo da Justiça americana”. Também tem sido cético em relação à abordagem diplomática conduzida por um enviado especial dos EUA, Richard Grenell.

Os defensores da diplomacia reconhecem que a abordagem linha-dura de Rubio prevaleceu por enquanto. Mas acreditam que seus esforços poderiam eventualmente dar frutos, com as súbitas reversões do presidente Donald Trump em outras grandes questões de política externa, como a Guerra da Ucrânia, o comércio com a China ou o programa nuclear do Irã.

Esta reportagem tem como base entrevistas com mais de uma dúzia de representantes americanos e venezuelanos de facções díspares que pedem diplomacia com Maduro. Eles responderam sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a falar.

Publicamente, o regime venezuelano respondeu à escalada militar de Trump com desafio e promessas de defender o que chama de revolução socialista iniciada nos anos 1990 pelo falecido predecessor e mentor de Maduro, Hugo Chávez. Ao mesmo tempo, Maduro disse que permanece aberto a negociações e que continua aceitando voos de deportação dos EUA.

Nos bastidores, no entanto, altos funcionários venezuelanos, com a bênção de Maduro, ofereceram a Washington concessões de longo alcance que essencialmente eliminariam os vestígios do nacionalismo de recursos no cerne do movimento de Chávez.

Enquanto Grenell e autoridades venezuelanas avançaram em questões econômicas, eles não conseguiram chegar a um acordo sobre o futuro político de Maduro, segundo pessoas próximas às negociações. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse em uma entrevista no mês passado que Maduro não negociaria sua saída.

Maduro repetidamente reprimiu desafios democráticos ao seu regime depois de assumir a Presidência em 2013. Ele se manteve no poder no ano passado após perder uma eleição presidencial, manipulando os resultados e reprimindo brutalmente protestos.

Grenell recusou-se a comentar este artigo. O Departamento de Estado, a Casa Branca e o regime da Venezuela não responderam aos pedidos de comentário.

Em Washington, autoridades americanas oferecem avaliações diferentes das conversas. Um funcionário americano disse que os relatos de negociações sobre o levantamento de sanções e acesso ao mercado venezuelano não eram “uma avaliação precisa do que ocorreu”.

Mas outros funcionários americanos disseram que autoridades dos EUA e da Venezuela mantiveram repetidas conversas sobre como seria a normalização econômica, incluindo o acesso aos mercados de energia venezuelanos por empresas americanas e o levantamento das sanções dos EUA.

Enquanto Grenell e os enviados de Maduro negociavam um acordo, a líder do principal movimento de oposição da Venezuela, María Corina Machado, apresentou sua própria proposta econômica em Nova York.

Ela argumentou que uma riqueza econômica ainda maior —US$ 1,7 trilhão em 15 anos— aguardava empresas americanas na Venezuela, se seu movimento lançasse uma transição política. Machado recebeu o Prêmio Nobel da Paz na sexta-feira (10) pelo que o Comitê Nobel Norueguês descreveu como “seu trabalho incansável promovendo direitos democráticos para o povo da Venezuela”.

O assessor econômico de Machado, Sary Levy, disse que os acordos de investimento oferecidos por Maduro nunca se materializariam sem democracia, estado de direito e liberdades individuais.

“O que Maduro oferece aos investidores não é estabilidade, é controle —controle mantido através do terror”, disse Levy. “O governo Trump mostrou uma clara intenção de não cair nessas ofertas de soluções fáceis.”

A Venezuela atualmente produz cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia, abaixo dos cerca de 3 milhões quando Chávez assumiu o poder. A maior parte das exportações de petróleo da Venezuela vai para a China, exceto por cerca de 100 mil barris por dia que a gigante energética americana Chevron vende para os Estados Unidos.

A maioria dos especialistas concorda que a Venezuela poderia rapidamente aumentar a produção de petróleo, com uma grande injeção de capital estrangeiro, embora discordem se isso é alcançável sob o regime atual.

“Nossa mensagem para as companhias petrolíferas é: Queremos vocês aqui, certamente”, disse Machado a representantes corporativos americanos em junho. “Queremos vocês aqui não produzindo migalhas de algumas centenas de milhares de barris por dia. Queremos vocês aqui produzindo milhões de barris por dia.”

Procurada, María Corina não se manifestou.

A aproximação econômica de Maduro com os Estados Unidos também se estendeu ao setor privado, numa tentativa de fortalecer sua posição em Washington.

A empresa estatal de petróleo da Venezuela deu à Chevron, a maior empresa americana que trabalha na Venezuela, controle total de seus projetos conjuntos de petróleo. As duas entidades discutiram dar à Chevron uma participação em outro importante campo petrolífero.

Autoridades venezuelanas têm trabalhado para reparar relações com outra gigante petrolífera dos EUA, a ConocoPhillips, que deixou a Venezuela em 2007 após o regime confiscar suas operações.

O regime de Maduro e a Conoco têm negociado um acordo de comércio de petróleo ainda este ano, segundo duas pessoas familiarizadas com as conversas.

A Chevron disse que suas negociações na Venezuela cumprem todas as leis venezuelanas e americanas aplicáveis. A Conoco não respondeu a um pedido de comentário. Os defensores do engajamento econômico com Maduro conseguiram marcar pequenas vitórias.

A Chevron teve sua licença do Tesouro dos EUA para operar na Venezuela restabelecida em julho, segundo o regime venezuelano. A empresa conseguiu reverter a proibição imposta por Trump meses antes, após um esforço concentrado de lobby em Washington, segundo pessoas familiarizadas com o acordo.

O Departamento do Tesouro emitiu na quarta-feira outra licença que, na prática, permite à Shell, a maior empresa de energia da Europa, reiniciar trabalhos na Venezuela. Sob uma nova permissão, a Shell poderia começar a produzir gás de um enorme campo offshore venezuelano já no próximo ano, segundo uma pessoa familiarizada com o acordo.

O gás do campo, conhecido como Dragon, será processado e vendido a partir da vizinha Trinidad.

A Shell direcionou perguntas ao titular da licença, o governo de Trinidad e Tobago, cujos funcionários não responderam a um pedido de comentário.

Rubio disse no mês passado que os Estados Unidos garantiriam que o projeto Dragon “não proporcionaria benefício significativo ao regime de Maduro”.

Maduro assinou uma estipulação que faria com que a Shell investisse em projetos sociais na Venezuela, em vez de pagar ao seu regime. Para o regime de Maduro, o principal benefício é mostrar que a Venezuela permanece aberta para negócios.

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