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Camarões: Aos 92, líder deverá confirmar 8º mandato – 11/10/2025 – Mundo

O que você se imagina fazendo aos 99 anos? O líder de Camarões, Paul Biya garante aos 92 que está pronto para o seu oitavo mandato consecutivo no cargo, às vésperas de eleição que, dado o estado político no país africano, deve confirmar a vontade do ditador. Com mandato de sete anos, Biya terminaria o novo período a poucos meses de completar cem anos de idade.

De turno único, o pleito ocorre neste domingo (12) e elege o candidato com mais votos, mesmo que não seja a maioria dos votos válidos.

Biya é o decano dos chefes de Estado: em 2024, já era dez anos mais velho do que o então presidente americano, Joe Biden, cuja idade foi objeto de escrutínio global em meio a episódios de lentidão e lapsos mentais, por fim elementos que pesaram para sua desistência da candidatura a reeleição.

O saudita Salman bin Abdulaziz al-Saud, 89, é o segundo mais velho, embora o governante de fato de Riad seja o príncipe-herdeiro, Mohammed bin Salman. Outro exemplo da lista dos mais velhos é o iraniano Ali Khamenei, que comanda Teerã aos 86 —debates sobre sua sucessão são recorrentes entre analistas.

A expectativa de Biya de se manter no poder tem sido alvo de críticas, agravadas por especulações sobre a saúde do chefe de Estado de um país com população muito jovem (cerca de 40% tem menos de 14 anos, em uma estrutura etária em forma de pirâmide, ou seja, também com muitos jovens adultos) e uma situação política que se agrava há anos.

No oeste do país, uma guerrilha separatista anunciou bloqueio de vias no dia da eleição e ameaçou ataques a autoridades e forças de segurança.

A disputa na região, agravada desde grandes protestos em 2016 e 2017, é resultado da divisão colonial entre Reino Unido e França. Os separatistas são anglófonos em um país majoritariamente francófono, que tem na linguagem uma de suas principais questões nacionais —além dos idiomas coloniais, ambos oficiais, há cerca de 250 línguas no país em meio a centenas de grupos étnicos em área pouco maior do que a dos estados de São Paulo e Paraná somados.

O cenário desse caldeirão político é desafiado ainda mais por ações perenes de sequestros e ataques a forças de segurança feitos pelo grupo fundamentalista islâmico Boko Haram no Extremo-Norte, região populosa que reúne cerca de 20% dos votos e que fica distante da capital, Iaundé, e da maior cidade, Duala, no litoral.

Biya é raramente visto em público e com frequência faz viagens pouco transparentes à Europa por questões pessoais e médicas. No início deste mês, apareceu em evento de campanha no Extremo-Norte, que também é base eleitoral de dois candidatos da oposição, Bello Bouba Maigari e Issa Tchiroma Bakary, dois ex-aliados do ditador.

O debate sobre sua saúde tem sido tamanho que, em outubro de 2024, mesmo antes de Biya anunciar a intenção de continuar no cargo, seu gabinete censurou a imprensa do país ao proibir notícias sobre o assunto, enquadrando discussões do tipo como uma questão de segurança nacional.

A decisão é um dos vários exemplos do ambiente ditatorial em Camarões, que tem um mesmo chefe de Estado desde 1982, quando alguns líderes mundiais atuais nem haviam nascido, casos de Gabriel Boric (1986), presidente do Chile, e Ibrahim Traoré (1988), chefe da junta militar que comanda Burkina Faso.

Segundo o V-Dem, respeitado instituto sueco que classifica países com base na qualidade da democracia, Camarões é uma autocracia eleitoral. A classificação implica níveis insuficientes de direitos fundamentais e de eleições livres e justas, mesma avaliação dada a Irã, Rússia e Venezuela, segundo relatório de março deste ano, com dados de 2024.

Biya é apenas o segundo líder na história do país desde a independência, em 1960. Em 1982, seu antecessor Ahmadou Ahidjo renunciou, e Biya, então primeiro-ministro, assumiu o cargo de chefe de Estado.

Após uma tentativa de golpe contra Biya em 1984, o chefe de Estado dissolveu o partido que dividia com Ahidjo —que foi exilado— e criou o Movimento Democrático do Povo de Camarões (MDPC), única legenda do país até o início da década de 1990, quando novas siglas foram legalizadas.

O MDPC sob Biya, no entanto, manteve sua predominância em eleições denunciadas por opositores como fraudulentas em maior ou menor grau e também perseguição a grupos da sociedade civil, como advogados. Em 2008, uma emenda à Constituição de 1996 retirou limites de mandatos e abriu caminho para a permanência indefinida do líder no poder, com a anuência dos órgãos eleitorais, segundo críticos.

De mais de 80 candidatos, a comissão eleitoral nacional autorizou por fim 12 candidatos. Depois, barrou Maurice Kamto, um dos principais nomes de oposição a Biya, sob o argumento de que seu partido já apoiava outro candidato, algo que Kamto e o presidente da legenda negaram. Uma entrevista coletiva do partido para falar sobre o assunto foi impedida de ser realizada por forças de segurança em Duala, de acordo com a ONG Human Rights Watch.

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