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Livros de memórias de Gay Talese, Annie Ernaux e mais – 08/10/2025 – Ilustrada

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Escrever um livro usando a inteligência artificial ainda parece um pouco absurdo. Mas cem anos atrás, escrever no computador era uma ideia impensável. E o que dizer de milhares de anos atrás, quando papiro e tinta, argila, carvão e madeira faziam as vezes de papel e caneta.

O meio como se escreve molda o que é escrito. E, como aponta o professor Rodrigo Tavares, sempre houve gente que via ameaça na mudança. Hoje, a desconfiança e hostilidade dos escritores e leitores é dirigida à IA. É um instrumento que faz repensar a autoria e a credibilidade do sujeito criativo.

Ocorreu uma espécie de inversão de papéis. Se antes a IA buscava parecer humana, agora é o humano que foge de parecer a IA. Termos e estruturas frequentemente usados pelo ChatGPT, como os travessões, passaram a ser evitados.

Nesse radar que opõe o artificial ao autêntico, pessoas passam a acusar umas às outras de usar uma ferramenta que se disfarça cada vez melhor. Basta ver a polêmica recente envolvendo o prêmio Candango de Literatura.

A reportagem de Lara Paiva conta que ilustradores acusaram a premiação de indicar capas de livros criadas com inteligência artificial pela editora Mondru, que rebate afirmando que as imagens são colagens digitais. A IA era vetada nas regras da competição. E a casa afirma que irá processar seus acusadores por difamação.


Acabou de Chegar

“Bartleby e Eu” (trad. Laura Teixeira Motta, Companhia das Letras, R$ 99,90, 336 págs.) é uma obra autobiográfica do jornalista americano Gay Talese sobre o início de sua carreira. Um dos repórteres mais admirados do mundo, ele escreve sobre os bastidores de seus textos mais famosos, como o perfil de Frank Sinatra para o qual não entrevistou o cantor. A última seção do livro narra uma reportagem de 2006 que, segundo Ivan Finotti, parece deslocada em meio a uma obra marcada pelo jornalismo dos anos 1950 e 1960.

“Memória de Menina” (trad. Mariana Delfini, Fósforo, R$ 69,90, 144 págs.) é um livro que a francesa Annie Ernaux afirma ter adiado por 50 anos. A vencedora do Nobel de Literatura retorna a uma juventude marcada por desejo e violência. “Não estou construindo uma personagem de ficção. Estou desconstruindo a menina que fui”, escreve Ernaux. A obra, como aponta a crítica Carolina Ferreira, “leva a pensar sobre que corpo é forjado a partir de uma escrita de si.”

“Antes do Início” (Tinta-da-China Brasil, R$ 89,90, 256 págs.) marca a estreia do físico Ernesto Mané na literatura. Durante seu pós-doutorado, o autor percebeu que entendia muito sobre o mundo, da mecânica quântica à física nuclear, mas que pouco de sua história e de sua família. No livro, ele conta como tentou superar essa lacuna buscando seus antepassados, donos de uma história complexa e dolorosa espalhada por três continentes, como conta o repórter Reinaldo José Lopes.


E mais

Saiu nesta terça a lista dos finalistas do Jabuti e, entre as mais de cem indicações, chama a atenção a predominância de autores homens. A categoria de romance literário, por exemplo, é disputada por Alberto Mussa, Chico Buarque, Jeferson Tenório, Marcelino Freire e Tony Bellotto. O contraste é grande em comparação aos finalistas ao Prêmio São Paulo de Literatura, no qual 13 mulheres concorrem entre os 20 indicados a melhor romance e melhor romance de estreia.

Na última sexta, Taylor Swift lançou seu 12° álbum, dando início a uma nova era de sua carreira. Como explica a biógrafa da cantora, Caroline Sullivan, Taylor é diferente de qualquer artista porque tudo o que faz é moldado pela maneira como sua mudança será recebida pelo público. Com “The Life of a Showgirl”, a cantora americana dá início a sua “era do sexo”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro moveu uma ação civil contra o município e o atual proprietário do sobrado onde o escritor Machado de Assis morou de 1869 a 1871. O órgão exige medidas para conter a degradação da casa tombada desde 2008, no centenário da morte do escritor. Localizado na rua dos Andradas, 147, o imóvel está descaracterizado e em péssimo estado de conservação, segundo relata a reportagem de Cristina Camargo.


Além dos Livros

Este ano já viu as primeiras edições de vários festivais literários em diversas regiões do Brasil. Só neste mês de outubro estreiam a Festa Literária Internacional Capixaba, em Vila Velha, e a Festa Literária Internacional de Niterói. A proliferação desse tipo de evento, como aponta o Painel das Letras, estimula o contato de jovens com livros impressos e alimenta a crescente demanda do público por autores brasileiros.

A Bienal do Livro do Paraná, no entanto, enfrenta dificuldades para compor esse ciclo de novos festivais. O evento que deveria acontecer a partir desta semana foi adiado sem previsão. A empresa responsável, a Cocar Produções, culpa “motivos operacionais, logísticos e também as condições climáticas dos últimos dias”. A repórter Catarina Scortecci aponta que a Bienal não conseguiu pagar o aluguel do espaço onde seria realizada e viu autores como Pedro Bial e Thalita Rebouças cancelarem suas participações.


Depois de quatro anos quase completos na presidência da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira se manterá no cargo por mais um ano devido a uma mudança de regra. Embora o estatuto original da ABL não estipule limite para a permanência do presidente, a norma vigente dizia que um imortal podia ficar na presidência por, no máximo, quatro anos consecutivos. Uma comissão interna propôs e aprovou a extensão para cinco anos, beneficiando Merval. O jornalista disse à Folha que a ABL “é uma instituição privada que decide as suas necessidades e sua maneira de funcionar”.

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