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Leão 14 defende imprensa e homenageia jornalistas mortos – 09/10/2025 – Mundo

O papa Leão 14 elogiou nesta quinta-feira (9) o trabalho das agências de notícias, que descreveu como uma “barreira contra as areias movediças da pós-verdade e das notícias falsas, potencializadas pela inteligência artificial“.

“O mundo precisa de informações livres, rigorosas e objetivas”, disse o pontífice durante audiência no Vaticano com membros da rede Minds International, que reúne diversas agências.

“Graças ao seu trabalho paciente e rigoroso, vocês podem agir como uma barreira contra aqueles que, por meio da velha arte da mentira, tentam semear a discórdia com o objetivo de dividir e dominar”, declarou o pontífice. “Vocês também são um bastião da civilização diante das areias movediças da pós-verdade.”

Robert Francis Prevost, que já teve sua imagem e discursos manipulados em vídeos falsos criados com IA, afirmou que “o valioso serviço das agências de notícias deve servir como antídoto para a proliferação de informações sem valor”.

“Os algoritmos geram conteúdo e dados em uma escala e velocidade nunca antes vistas. Mas quem os controla?”, questionou o chefe da Igreja Católica. Ele insistiu na necessidade de permanecer alerta “para que as informações e os algoritmos que hoje as regem não fiquem nas mãos de poucos”.

Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o pontífice levantou “de forma muito clara os desafios de governança dos algoritmos, que constituem um dos principais perigos para a circulação de conteúdo jornalístico e o acesso dos cidadãos à informação”.

“O jornalismo não é um crime, e a livre divulgação do trabalho jornalístico não deveria ser dificultada pelas grandes plataformas”, afirmou a RSF.

De acordo com um relatório sobre democracia publicado em setembro pela International Idea, um think-tank com sede em Estocolmo, a liberdade de imprensa deteriorou-se consideravelmente nos últimos cinco anos em todo o mundo.

Ao mesmo tempo, grandes plataformas como Meta e X reduziram seus programas de verificação de conteúdo.

A AFP participa em 26 idiomas de um programa de verificação ou “fact-checking” desenvolvido pelo Facebook e presente na América Latina, Ásia e UE, que remunera mais de 80 meios de comunicação em todo o mundo.

Sob pressão do governo Trump, Mark Zuckerberg, chefe da Meta (que controla Facebook e Instagram, entre outras redes), mudou em janeiro sua política vigente até então, que consistia em investir milhões de dólares no controle de conteúdos sensíveis.

Zuckerberg anunciou que estava encerrando seu programa de verificação de conteúdo por jornalistas nos Estados Unidos, e surpreendentemente classificou essa prática como censura —um termo usado pelos republicanos no poder, e em particular pelo vice-presidente J. D. Vance.

Desde então, o volume de conteúdo de ódio aumentou em suas plataformas nos Estados Unidos, segundo uma pesquisa publicada em junho por organizações de defesa dos direitos digitais.

Desde sua eleição pelo colégio dos cardeais em 8 de maio, o sucessor de Francisco alertou em várias ocasiões sobre os desafios apresentados pelo desenvolvimento da inteligência artificial e pediu a adoção de marcos jurídicos exigentes que protejam a dignidade humana.

Homenagem à imprensa em Gaza e na Ucrânia

O pontífice de 70 anos reiterou ainda seu apelo pela libertação dos jornalistas “injustamente perseguidos e presos por tentarem fazer seu trabalho informativo”.

“Ser jornalista nunca pode ser considerado um crime”, disse ele, prestando homenagem aos repórteres mortos no exercício de suas funções, “vítimas da guerra e da ideologia da guerra, que tenta impedir que os jornalistas estejam” no terreno.

“Se hoje sabemos o que está acontecendo em Gaza, na Ucrânia e em outros locais ensanguentados pelas guerras, devemos isso aos repórteres.”

De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas e a Repórteres Sem Fronteiras, cerca de 200 repórteres morreram em Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas há dois anos, e outros 22 foram vítimas na Ucrânia desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

Juntas, as guerras Civil Americana, da Coreia, do Vietnã, da Iugoslávia, do Afeganistão e as duas Guerras Mundiais deixaram 229 profissionais de mídia mortos. Até este mês de agosto, em Gaza, ao menos 246 jornalistas morreram no exercício de sua profissão, segundo dados do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, e outros 520 foram feridos —a organização ainda contabiliza ao menos 800 familiares mortos.

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