Entidades ligadas à área de ciência enviaram uma carta a autoridades do governo federal responsáveis pela COP30, na qual cobram a criação de uma estrutura governamental específica para lidar com a questão climática, além de pedirem mais medidas para que sejam cumpridas as metas contra o aquecimento global.
“Identificamos a necessidade urgente de fortalecer ainda mais a governança climática, articulando de forma mais efetiva as diferentes esferas e níveis de governo. A comunidade científica propõe ao governo a criação de uma estrutura organizacional específica, preferencialmente uma autarquia pública, com autonomia para atuar na gestão e governança da agenda climática”, diz o documento, elaborado pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e pela ABC (Academia Brasileira de Ciências).
A carta foi produzida durante workshop organizado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), na semana passada. Ela tem como destinatários os ministros Rui Costa (Casa Civil), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Marina Silva (Meio Ambiente), além do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e Ana Toni, diretora-executiva da conferência.
A criação de uma Autoridade Climática foi prometida por Lula durante a campanha de 2022 e reiterada diversas vezes por Marina, mas nunca saiu do papel.
As entidades científicas reconhecem, na carta, avanços do atual governo na política ambiental, mas pedem mais esforços.
“Identificamos desafios estruturais que exigem ação imediata e coordenada para fortalecer o protagonismo da ciência na formulação e implementação de políticas climáticas em âmbito nacional e internacional”, afirma o documento.
Para as entidades científicas, a “janela de ação” para cumprir as metas contra o aquecimento global está se fechando rapidamente.
“O Brasil, por sua localização continental, enfrentará amplificação térmica de 4 a 4,5°C nos cenários atuais, tornando-nos um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, com impactos severos na saúde, segurança alimentar e habitabilidade de nossas regiões”, alertam.
Os autores da carta citam ainda três prioridades fundamentais para reverter esse cenário: assegurar uma nova matriz energética na próxima década com fontes limpas e renováveis, zerar o desmatamento de florestas tropicais e garantir financiamento climático internacional que permita aos países em desenvolvimento realizarem suas transições.
Especificamente para a Amazônia, onde se situa Belém, sede da COP30, “urge implementar um modelo de desenvolvimento que concilie sociobioeconomia, segurança alimentar e proteção dos povos tradicionais, combatendo a exploração ilegal de recursos”.
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