O papa Leão 14 visitará a Turquia e o Líbano entre o fim de novembro e o início de dezembro, em sua primeira viagem fora da Itália desde que foi eleito pontífice, anunciou nesta terça-feira o Vaticano.
A viagem à Turquia acontecerá de 27 a 30 de novembro e “incluirá uma peregrinação a Iznik por ocasião dos 1.700 anos do Primeiro Concílio de Niceia”, enquanto a passagem pelo Líbano será de 30 de novembro a 2 de dezembro, informou a Santa Sé.
O programa detalhado da viagem de seis dias será divulgado “a seu tempo”, declarou Matteo Bruni, diretor da assessoria de imprensa.
Inicialmente, essa viagem seria realizada em maio pelo papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos. Leão 14 foi eleito pelo colégio cardinalício em 8 de maio.
Em julho, o papa havia antecipado sua intenção de participar do aniversário do Concílio de Niceia, que estabeleceu várias das principais crenças do cristianismo.
Niceia, atualmente a cidade turca de Iznik, a cerca de cem quilômetros a sudeste de Istambul, sediou no ano de 325 o primeiro concílio ecumênico cristão da história, convocado pelo imperador Constantino 1º.
Essa assembleia, que reuniu cerca de 300 bispos do Império Romano, estabeleceu o chamado Credo Niceno e a doutrina da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), um dos pilares do cristianismo atual.
“Um momento histórico”
Muito aguardada no Líbano, a visita de Leão 14 deverá se concentrar na questão da paz no país multiconfessional, que assumiu o compromisso de desarmar os grupos não estatais, em particular o movimento xiita pró-Irã Hezbollah.
Em agosto, o patriarca maronita Bechara Rai havia anunciado que o papa americano viajaria ao Líbano “antes de dezembro”, sem dar mais detalhes.
Apesar do cessar-fogo em vigor desde novembro de 2024, após um intenso conflito com o Hezbollah, Israel mantém tropas em posições estratégicas na fronteira sul do Líbano.
O Exército israelense também realiza ataques regulares, sob o argumento de ter como alvo combatentes pró-Irã e suas infraestruturas. As Nações Unidas confirmaram, na quarta-feira (1º), que 103 civis já morreram no Líbano desde que a trégua entrou em vigor.
Nesta semana, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano afirmou que Israel lançou granadas perto de suas forças de paz e instou Tel Aviv a interromper tais ataques.
Com esta viagem, Leão 14 se tornará o terceiro papa a visitar o Líbano, depois de João Paulo 2º, em 1997, e Bento 16, em 2012.
Espera-se que ele visite o mosteiro de São Charbel, ao norte de Beirute, informou nesta terça-feira uma pessoa próxima à organização.
O presidente libanês, Joseph Aoun, classificou a visita como um “momento histórico que reafirma o lugar e o papel do nosso país no coração da Igreja e na consciência do mundo, como espaço de liberdade, terra de convivência e mensagem de humanidade”.
“A visita papal é um chamado à paz, ao fortalecimento da presença cristã no Oriente e à preservação do modelo libanês de que o mundo e a região necessitam”, declarou Aoun, segundo comunicado da presidência libanesa.
A última visita de um papa à Turquia ocorreu em 2014, quando Francisco esteve em Ancara e Istambul, onde se reuniu com o presidente Recep Tayyip Erdogan, em uma viagem centrada no diálogo ecumênico e na questão migratória.
Antes do pontífice argentino, a Turquia já havia recebido Bento 16 (2006), João Paulo 2º (1979) e Paulo 6º (1967).