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Queremos ser ainda mais estúpidos, diz criador de Gumball – 06/10/2025 – Ilustrada

Seis anos atrás, crianças de todo o mundo se despediram de “O Incrível Mundo de Gumball“. A animação segue as desventuras de uma improvável dupla de irmãos: o gato azul do título e o seu peixinho dourado, Darwin. Com episódios de pouco mais de dez minutos, o desenho do Cartoon Network virou líder global de audiência e chegou à HBO Max.

Fora a longevidade no streaming, o Brasil está prestes a matar a saudade desses personagens. Com título renovado, “O Mundo Maravilhosamente Estranho de Gumball” estreia nesta segunda-feira (6) e deve reforçar a insanidade do original. Entre temas como a dependência humana e a indústria de ultraprocessados —um dos causos traz um hambúrguer falante que tenta forjar um império de alimentos saudáveis—, a ideia é que as aventuras sejam tão absurdas quanto as anteriores.

“Estamos tentando ser o mais estúpidos possível”, afirma o criador, Ben Bocquelet. Não quer dizer que falte embasamento às tramas. Sem que a coisa beire a chatice, o importante é que as pessoas se identifiquem com as histórias.

“Se existe qualquer maturidade nessas narrativas, vem do fato de elas serem fáceis de se relacionar. Numa delas, por exemplo, Gumball tem uma crise de meia-idade por passar a achar que a vida é ‘meia-boca’. É uma forma de pensarmos sobre o que a meia-idade significa para nós e levarmos a questão ao nível mais doido possível.”

Em um dos primeiros capítulos da nova leva, o protagonista é proibido de se apresentar na escola. A razão é o conteúdo da performance que Gumball deseja fazer: seu objetivo é cantarolar sobre bundas e os seus variados tipos. Ele percebe então que o verdadeiro motivo é a insegurança de seu diretor —criatura repleta de pelos, ele sente vergonha do próprio bumbum.

“Acho que as supostas discussões, comentários que a série talvez faça, ou algo do gênero, são puramente projetadas por quem assiste. É o tipo de coisa que pode transformá-la em algo simbólico por completo acidente”, diz Bocquelet.

Em outro dos episódios, Nicole, a mãe de Gumball, sofre com os filhos e o marido preguiçoso e pede ajuda a um sistema operacional. A geringonça otimiza idas ao mercado, auxilia a limpeza da casa e se torna a assistente perfeita. Tudo dá errado quando a ferramenta decide neutralizar sua família.

Entre carros automatizados e óculos de realidade virtual —a história mistura animação 2D e traços típicos de um videogame—, é o tipo de trama que poderia, nas devidas proporções, acontecer numa realidade de ferramentas de inteligência artificial.

“A coisa mais legal que pude ver nesses últimos seis anos foi como muitos da equipe cresceram com o desenho. É isso que define o nosso trabalho, o oposto dos avanços tecnológicos”, afirma o produtor Erik Fountain.

“Temos esses jovens apaixonados que amam a série e se sentem muito felizes de trabalhar nela. É algo extremamente humano, o completo oposto da inteligência artificial”, acrescenta. Ele ri ao se referir a Matt Layzell, com quem divide a produção executiva desde a primeira temporada, como um “bebê Gumball” que viu crescer.

É diferente do que acontece com os personagens, que durante todo esse tempo não envelheceram nada. A decisão já foi esclarecida algumas vezes. O intuito é que os dilemas e o universo ao seu redor evoluam, sem que os irmãos deixem de ser crianças. “Chega um ponto em que os personagens começam a se escrever sozinhos. Já conhecemos os seus relacionamentos e interações. Tudo depende então daqueles por trás da série. São eles que deixam tudo novo e fresco”, diz Bocquelet.

Embora um dos capítulos trabalhe o conceito de previsões astrológicas —neste caso, Gumball busca as estrelas para entender se deve namorar com uma garota específica—, a equipe diz que nunca imaginou o sucesso alcançado. Eles revelam que, no começo, o próprio Cartoon pareceu ter se arrependido.

“Demorou uns três ou quatro anos para descobrirmos que Gumball estava sendo bem aceito. Com o tempo, pessoas de todo o mundo começaram a assistir, e a única forma de medir isso eram as redes sociais”, afirma Bocquelet, que em julho participou de um painel, na Comic-Con de San Diego, nos Estados Unidos, com fãs emocionados.

Outro destaque da nova temporada é o episódio em que Nicole põe Gumball e Darwin em quartos separados, suspeita de que eles passam muito tempo juntos. O resultado são ligações telefônicas pela madrugada adentro e um divertido conto sobre a codependência. Talvez a situação se aproxime do que o público mais ferrenho viveu nesses últimos anos.

“Tentamos fazer o melhor para nos conectar com as pessoas”, diz Bocquelet. “Mas penso que todo o resto é uma grande mistura entre pânico e sorte.”

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