O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta segunda-feira (6) que o presidente Lula e o PT são adversários e é com eles que a direita deve brigar.
A declaração do presidenciável feita após discussão entre o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), no final de semana.
“Confesso que acompanhei muito por cima essa polêmica. Tenho concentrado minhas energias em cuidar de Minas. Na política, meus adversários são Lula e o PT. Creio que eles sejam os adversários de toda a direita. É com eles que a direita deve brigar”, disse à Folha.
No domingo (6), Caiado criticou o senador que, em entrevista ao jornal O Globo, excluiu o nome do governador da lista de presidenciáveis apoiados por Bolsonaro.
O presidente do PP citou os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Paraná, Ratinho Jr. (PSD), como os candidatos da direita à Presidência em 2026.
O governador chamou o senador de “inexpressivo”, disse que manterá sua candidatura e mencionou o pré-candidato do Novo ao Palácio do Planalto.
“De pronto, Ciro já veta pelo menos três pré-candidaturas: as de Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro e a minha, prestando um enorme desserviço à direita. Não falo por Zema ou Eduardo, mas quanto à minha pré-candidatura, devo dizer que não dependo de aval de Ciro Nogueira”, disse o governador goiano.
O senador, então, retrucou nas redes sociais: “Vi a postagem do governador Ronaldo Caiado sobre minha entrevista. Me chamou a atenção a enormidade do tamanho. Deve estar com o tempo livre. Eu não. Sobretudo para polêmicas vazias. Nosso adversário é Lula. Caiado, pode falar qualquer coisa: você está certo. Satisfeito?”.
Aliados de outros governadores de direita, reservadamente, tiveram o mesmo discurso de minimizar a briga. Disseram ser algo pontual e que não deve se repetir.
Caiado, que já pleiteou a Presidência em 1989, foi um dos primeiros governadores de direita a se colocar como candidato ao Planalto em 2026. Segundo interlocutores, ele decidiu responder publicamente por entender que Ciro Nogueira teria sido desrespeitoso com os demais candidatos, como ele próprio.
O governador diz a aliados saber da resistência que enfrentará na sua federação, mas que não pode ser rifado publicamente dessa forma por aliados. Seu União Brasil e o PP de Ciro Nogueira formalizaram uma federação em agosto e no mês passado anunciaram juntos o desembarque do governo Lula (PT).
Caiado já abriu conversas com outros partidos sobre uma eventual filiação, caso a federação União-Progressistas decida apoiar outros nomes. Ele mantém conversas com o Solidariedade e o PRD, que também fizeram federação para o próximo ano.
Ciro Nogueira é um dos principais entusiastas de uma eventual candidatura do governador de São Paulo, que desacelerou a ofensiva presidencial após resistência do clã Bolsonaro em se decidir sobre 2026. Um encontro entre Tarcísio e o ex-presidente na semana passada não avançou em conversas sobre sucessão e ele tratou de sua reeleição ao estado de São Paulo.
Aliados de Tarcísio afirmam que a perspectiva de consolidação dele como adversário de Lula (PT) em 2026 ficou mais distante após derrotas de seu campo político, como a rejeição à PEC da Blindagem, o enfraquecimento da proposta de anistia e a adesão da população aos atos da esquerda contra as duas pautas.
Além disso, aliados do governador de São Paulo e de Jair Bolsonaro (PL) têm manifestado preocupação com movimentos de pessoas próximas ao ex-presidente que tentam convencê-lo de insistir em uma candidatura ao Planalto, mesmo inelegível e com condenação de 27 anos e três meses de prisão.
Entre os quadros de direita e de centro havia a expectativa de que, com a proximidade do fim do ano, Bolsonaro indicasse com mais segurança que passaria o bastão, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, a família mantém o discurso de candidatura do ex-presidente.