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Financiamento das campanhas eleitorais exige mais debate – 05/10/2025 – Lara Mesquita

Estamos a um ano das eleições de 2026. Ainda há muita incerteza sobre os competidores: não há definição quanto ao candidato da direita que enfrentará o presidente Lula, e, no estado de São Paulo, não se sabe quem serão os candidatos ao governo estadual nem às duas vagas ao Senado.

As regras que nortearão a disputa e os recursos para campanhas, no entanto, já são conhecidas.

O princípio da anterioridade eleitoral estabelece que qualquer alteração nas regras do jogo deve ser aprovada e sancionada até um ano antes do pleito.

Assim, já sabemos que a Câmara dos Deputados manterá as 513 cadeiras atuais, que a cada 3 candidatos apresentados por cada partido na disputa para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas ao menos 1 deve ser mulher e que permanecem inalteradas as regras para campanha, arrecadação e prestações de contas.

Tais regras poderiam ter sido alteradas se leis discutidas ao longo deste ano tivessem sido aprovadas e sancionadas a tempo.

Na última semana, em reunião da Comissão Mista de Orçamento, foi definido o valor do Fundo Especial de Financiamento de Campanha: R$ 4,9 bilhões. Desse total, R$ 3,9 bilhões são recursos originalmente destinados a emendas de bancadas de execução obrigatória e R$ 1 bilhão será remanejado de outras despesas discricionárias previstas no orçamento da União.

Além disso, os partidos terão à sua disposição R$ 1,4 bilhão do Fundo Partidário, segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2026. A soma dos dois fundos se aproxima do valor arrecadado de empresas na eleição de 2014, o último com doações de pessoas jurídicas, corrigido pelo IGP-M: R$ 6,5 bilhões.

Os R$ 6,3 bilhões destinados aos partidos e candidatos são muito ou são pouco?

O valor equivale a cerca de R$ 40 por eleitor apto a votar. Considerando os 6 cargos em disputa, são R$ 6,66 por eleitor/cargo. Como parâmetro de comparação, em 2025 os ministérios do Meio Ambiente e da Cultura tiveram orçamento de R$ 4,2 bilhões cada.

O debate sobre financiamento político e eleitoral no país, no entanto, deveria mudar de foco. Falta discutir a forma da distribuição dos recursos. Hoje são as direções partidárias que decidem a alocação da totalidade dos recursos, sujeitas a poucas restrições, como a de destinar o mínimo de 30% para candidatas mulheres e 30% para candidatos pretos e pardos.

Outros países adotam modelos mais criativos. Alguns condicionam os repasses ao comparecimento efetivo dos eleitores, outros preveem regras de distribuição entre entes federativos e há aqueles que utilizam mecanismos de matching funds, em que o fundo público complementa cada doação individual em proporção pré-definida.

Explorar modelos que deem mais voz aos cidadãos pode aumentar a legitimidade do fundo público e dos partidos, além de reduzir a insatisfação crescente da sociedade com a política.

A restrição das fontes de financiamento aumentou a pressão por recursos públicos.

O problema é que o crescimento dessa fonte de financiamento não veio acompanhado de maior transparência no funcionamento dos partidos nem de métodos mais democráticos de alocação dos recursos, o que aumentaria o protagonismo dos cidadãos e poderia contribuir para diminuir a insatisfação da sociedade com as instituições políticas.


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