Cerca de 137 ativistas detidos por Israel por participarem da flotilha Global Sumud, que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, chegaram à Turquia neste sábado (4) após serem deportados.
Os ativistas Hazwani Helmi, 28, da Malásia, e Windfield Beaver, 43, dos Estados Unidos, disseram à agência Reuters após desembarcarem no aeroporto de Istambul que houve maus-tratos por parte das forças israelenses.
Eles narraram que a sueca Greta Thunberg teria sido forçada a vestir uma bandeira israelense dentro da prisão de Ktzi’ot, no deserto de Negev, perto da fronteira com o Egito, onde os ativistas foram levados.
“Foi um desastre. Eles nos trataram como animais”, disse Helmi. Segundo ela, os detidos não receberam comida nem água limpas, e seus medicamentos e pertences foram confiscados.
Beaver afirmou que Greta foi “tratada de maneira terrível” e “usada como propaganda”. Em mais de um post nas redes sociais, o governo israelense compartilhou fotos da sueca para dizer que todos os ativistas estavam seguros e com boa saúde.
Israel não comentou as novas acusações, mas o Ministério das Relações Exteriores israelense já havia se referido a denúncias anteriores de abusos como “mentiras completas”.
Segundo o governo turco, entre os mais de cem ativistas deportados, há 36 cidadãos da Turquia e pessoas de países como EUA, Emirados Árabes, Argélia, Marrocos, Itália, Kuwait, Líbia, Malásia, Mauritânia, Suíça, Tunísia e Jordânia.
O Itamaraty realizou uma visita de mais de oito horas aos 13 brasileiros que integravam a missão. Segundo a chancelaria, eles estavam bem de saúde. O governo de Binyamin Netanyahu ofereceu aos presos que participavam da missão humanitária a possibilidade de assinar um documento que, segundo as autoridades israelenses, facilitaria o processo de deportação. Oito dos 13 brasileiros teriam se recusado a assinar o documento.
O governo italiano confirmou que 26 cidadãos do país estavam no voo da Turkish Airlines que chegou à Turquia e que outros 15 permanecem detidos em Israel. “Determinei que a embaixada em Tel Aviv garanta que todos sejam tratados com respeito aos seus direitos”, escreveu o chanceler Antonio Tajani em uma publicação no X.
Um primeiro grupo de italianos, composto por quatro parlamentares, chegou a Roma na sexta-feira (3). “Quem agiu legalmente foram as pessoas a bordo dos barcos; ilegais foram os que as impediram de chegar a Gaza”, disse o deputado Arturo Scotto, que participou da missão.
A organização Adalah, que oferece assistência jurídica aos detidos, denunciou que alguns ativistas foram impedidos de falar com advogados, privados de água, medicamentos e banheiros e forçados a permanecer ajoelhados com as mãos amarradas por até cinco horas, após gritarem “Palestina livre”.
Israel negou todas as acusações. “As acusações do Adalah são mentiras completas. Todos os detidos tiveram acesso a água, comida, banheiros e advogados, e seus direitos foram respeitados”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores à Reuters.
A atual flotilha de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, com cerca de 45 embarcações e ativistas de mais de 45 países. Os barcos começaram a ser interceptados na quarta-feira (1º).