A Força Interina das Nações Unidas no Líbano informou, nesta sexta-feira (3), que o Exército israelense lançou granadas perto de suas forças de paz no dia anterior, instando Tel Aviv a interromper tais ataques.
“Ontem, as Forças de Defesa de Israel lançaram granadas perto das forças de paz que trabalhavam ao lado de soldados libaneses para fornecer segurança aos trabalhadores civis” em Maroun al-Ras, no sul do Líbano, informou um comunicado da Unifil. Segundo a missão, ninguém ficou ferido.
O comunicado instou o Exército israelense “a cessar os ataques contra ou perto de forças de paz, civis e soldados libaneses (…) e nos permitir realizar nossas tarefas sem obstrução”. Tel Aviv não comentou.
Apesar da trégua firmada com Israel em novembro de 2024, as hostilidades no sul do Líbano continuam. A ONU afirmou, na quarta-feira (1º), que 103 civis já morreram no Líbano desde que o cessar-fogo entrou em vigor.
“Ainda hoje constatamos consequências devastadoras de bombardeios aéreos e ataques de drones contra áreas residenciais e perto das forças de paz da ONU”, declarou o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado.
Türk pediu esforços redobrados para alcançar uma trégua duradoura e lembrou que, devido aos confrontos, mais de 80 mil pessoas continuam deslocadas no Líbano e 30 mil no norte de Israel. Desde que a trégua foi estabelecida, nenhuma morte foi relatada em Israel por disparos de projéteis do Líbano, mas os israelenses continuaram bombardeando o vizinho quase todos os dias, afirmando ter militares ou instalações do Hezbollah como alvos.
Criada em 1978 após a invasão israelense durante a guerra civil libanesa, a Unifil tem como principal objetivo garantir que os atores armados respeitem a Linha Azul, a demarcação da ONU para separar os territórios dos países, mas que não é oficialmente uma fronteira.
Nos últimos anos, no contexto dos conflitos no Oriente Médio, tropas da Unifil sofreram ataques das Forças Armadas de Tel Aviv em casos que tiveram repercussão em todo o mundo. Em outubro do ano passado, por exemplo, um tanque israelense chegou a invadir uma base da missão no território libanês, numa ação criticada de forma enfática pela comunidade internacional. Vários soldados ficaram feridos.
Em agosto, o Conselho de Segurança da ONU decidiu estender o mandato da Unifil até o fim de 2026 e encerrá-lo em seguida. A resolução, aprovada por unanimidade, prevê que em 31 de dezembro do próximo ano começará um processo de retirada gradual, em coordenação com o governo libanês. Ao final desse período, a segurança da região ficará sob responsabilidade exclusiva das forças estatais libanesas, decisão que foi considerada uma vitória política para Israel.