O dissidente José Daniel Ferrer, um dos principais opositores do regime de Cuba e preso por participar das manifestações de 11 de julho de 2021, anunciou em uma carta que está disposto a sair do país, informou sua esposa, Nelva Ortega, à AFP nesta sexta-feira (3).
“Diante das constantes manifestações da polícia política para que nós deixássemos Cuba, terminei aceitando a saída para o exílio”, indicou Ferrer, 55, em uma carta com data de 10 de setembro na prisão de Santiago de Cuba, onde está preso.
Ferrer, fundador do movimento União Patriótica de Cuba, é defensor da luta pacífica por uma mudança democrática na ilha. Foi colocado em liberdade em janeiro, no marco de um acordo negociado com o Vaticano sob o mandato do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas voltou a ser preso em abril.
Ferrer e estava entre os 553 prisioneiros libertados como parte do acordo, concluído após a decisão de Biden de remover Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo, uma medida posteriormente revogada por Donald Trump.
Ferrer havia deixado de comparecer a duas audiências judiciais obrigatórias, em violação à legislação cubana e às condições de sua liberdade condicional, de acordo com Maricela Sosa, vice-presidente do Tribunal Popular Supremo de Cuba.
“Não apenas ele não compareceu, mas também anunciou, por meio de seu perfil nas redes sociais, em flagrante desafio e descumprimento da lei, que não se apresentaria perante a autoridade judicial”, disse Sosa à época.
Ferrer afirmou na ocasião ter sido preso de forma injusta pelas autoridades do país. Ele sustenta que sua participação em audiências judiciais era desnecessária.