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Centenas de milhares protestam na Itália pela Palestina – 03/10/2025 – Mundo

As principais cidades italianas voltaram a receber nesta sexta (3) manifestações de apoio à Palestina, com centenas de milhares de pessoas às ruas. Cerca de cem atos pelo país foram organizados por centrais sindicais e movimentos estudantis para demonstrar apoio às embarcações da flotilha Global Sumud, cuja tentativa de chegar à Faixa de Gaza foi interrompida por Israel.

Pela segunda vez em duas semanas, uma greve nacional paralisou serviços, especialmente o transporte ferroviário. Aeroportos, escolas e atendimentos de saúde e dos bombeiros também foram afetados, assim como a transmissão do canal de notícias da emissora pública RAI. Em 22 de setembro, atos pró-Palestina já haviam reunido cerca de 500 mil pessoas pelo país.

Muitos dos presentes protestavam também contra o governo italiano. A Itália não reconhece o Estado da Palestina, como fizeram recentemente França e Reino Unido. Além disso, nos últimos dias, a primeira-ministra Giorgia Meloni, de ultradireita, criticou os ativistas da flotilha, a quem chamou de irresponsáveis, e a greve geral. “Fim de semana prolongado e revolução não combinam”, disse, na quinta (2).

Em Milão, foram estimadas 100 mil pessoas no protesto que percorreu, pela manhã, a parte nordeste da cidade. Estudantes, idosos, adultos com crianças participaram, muitos com bandeiras com as cores da Palestina, lenços do tipo keffiyeh e cartazes de apoio à flotilha.

A faixa que abria a passeata dizia, em italiano: “Palestina livre, paremos a máquina bélica”. Muitos cantavam “Bella Ciao” e “Siamo tutti palestinesi” (somos todos palestinos). Mais tarde, parte dos manifestantes bloqueou o acesso a uma rodovia e lançou objetos contra policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.

Em Roma, cerca de 200 mil pessoas estiveram na passeata. Ovos foram lançados contra carros da polícia em frente ao Ministério dos Transportes, chefiado pelo vice-premiê Matteo Salvini, que criticou a realização da greve.

Cidades como Nápoles, Turim, Gênova e Bolonha também viram as ruas reunirem milhares de pessoas. Acessos a portos, estações e trechos de estradas também foram bloqueados.

“Vim hoje porque foi superado um limite. E acho que o silêncio é muito pior do que a frustração de não poder incidir sobre a realidade. Quero que o povo palestino saiba que, humanamente falando, estamos com eles”, disse à Folha a aposentada Luisa Morfini, 67, que participou da passeata em Milão. “Nosso país é cúmplice de Israel, do genocídio e de deixar as pessoas famintas.”

“Estou aqui para dar apoio à flotilha e porque acho importante sensibilizar as pessoas para o que está acontecendo em Gaza”, afirmou a estudante Keyra Ibrahim, 17. “Espero que o governo nos escute e que ajude os italianos [da flotilha] que foram detidos.”

A flotilha, composta por cerca de 40 barcos e mais de 400 ativistas de dezenas de países, saiu da Espanha no fim de agosto e, após paradas na Tunísia e na Itália, foi barrada na última quarta (1º) por Israel quando estava perto de chegar à Faixa de Gaza. Os integrantes da comitiva foram detidos —entre eles, cerca de 40 italianos— e devem ser deportados.

Os quatro parlamentares da Itália, todos da oposição, que estavam nas embarcações chegaram nesta sexta de volta, depois de terem sido expulsos de Israel.

Há semanas, temas envolvendo a Palestina estão no centro do debate político na Itália. A ampla participação nos protestos tem sido um sinal de que a opinião pública é sensível ao assunto. Pesquisas realizadas nos últimos dias mostraram que a maioria dos italianos apoiava tanto a flotilha (72%) quanto o reconhecimento do Estado da Palestina (55%).

Prestes a completar três anos no poder, a primeira-ministra Meloni vê as ruas se encherem, enquanto tenha alinhar a Itália às iniciativas do presidente Donald Trump. Nesta semana, ela afirmou que a flotilha, ao tentar forçar o bloqueio naval israelense em Gaza, ameaçava colocar em risco o plano de paz para a região proposto pelo americano.

Enquanto estava na Assembleia da ONU, em Nova York, Meloni abriu a possibilidade de a Itália reconhecer o Estado palestino, desde que os reféns mantidos pelo grupo terrorista Hamas sejam libertados e que a organização não faça parte de um futuro governo.

Já a oposição acusa o governo de não condenar Israel com firmeza pela situação em Gaza e pela intervenção à flotilha. “Nas ruas e nas universidades se levantou a voz nítida de uma Itália que não quer ser cúmplice de um genocídio”, disse a líder do Partido Democrático, Elly Schlein.

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