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Trump tenta cooptar os generais – 02/10/2025 – Hélio Schwartsman

Quando eu pensava que nada mais que Donald Trump pudesse fazer me surpreenderia, o Agente Laranja convocou centenas de oficiais-generais dos seis ramos das Forças Armadas dos EUA e lhes cobrou uma espécie de juramento de fidelidade.

Não fidelidade às leis e à Constituição, mas ao projeto político-ideológico trumpiano. Tratando-se do atual presidente americano, é difícil saber o que é para valer e o que é bravata, quais propostas serão implementadas e quais serão esquecidas no turbilhão de ideias chocantes que ele lança diariamente.

Mas, se ele levar mesmo adiante esse projeto de fidelização das Forças Armadas, terá desferido o que talvez seja seu maior golpe contra a democracia na América. Os EUA são um raro caso de país com Forças Armadas que ocupam lugar central na política nacional, mas cujos generais são apolíticos, atuando com profissionalismo e evitando meter-se em disputas partidárias.

Um bom exemplo disso se deu justamente sob Trump 1. Em 2020, ele tentou envolver os militares em política interna e tomou um belo chega para lá do então chefe do Estado-Maior, general Mark Milley. É até provável que tenha sido esse episódio que convenceu Trump da necessidade de enquadrar os comandantes das Forças Armadas para seguir com seus planos autocráticos.

O problema não é novo. Até os antigos romanos, que não eram exatamente democráticos, sabiam dos riscos de misturar tropas com política. Foi por isso que criaram uma lei que proibia governadores de províncias, que também eram generais, de entrar com seus soldados na península Itálica.

Foi essa norma que Júlio César rompeu quando, em janeiro de 49 a.C., atravessou o Rubicão com a 13ª Legião. Foi ali também que morreu a República.

Esse tema recebeu especial atenção dos founding fathers dos EUA e de legisladores subsequentes que criaram vários mecanismos para tentar isolar os militares das disputas políticas domésticas. Se Trump conseguir cooptar os generais, aí não haverá muito mais a distingui-lo de um Putin ou um Maduro.


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