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Fala de Trump a militares é prenúncio de golpe fascista – 02/10/2025 – Marcos Augusto Gonçalves

A ofensiva de Donald Trump e de seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, sobre o alto comando das Forças Armadas dos EUA, com o intuito de enquadrá-las na moldura do populismo de extrema direita, demonstra que as pretensões facho-golpistas do autocrata da Casa Branca não podem ser ignoradas.

O caráter bizarro e não raro anárquico das intervenções de Trump leva algumas vezes a avaliações de que tudo não passaria de um grande teatro movido a bravatas e ameaças inconsequentes. É um erro.

Se Chávez lançou na Venezuela o que chamou de socialismo do século 21 (regime autoritário populista de esquerda, aprimorado por seu sucessor Nicolás Maduro), Trump empenha-se na construção do fascismo do século 21, que não repete exatamente a referência do século 20, mas dela absorve e guarda as linhas de força.

Estamos diante de mais um desdobramento do tecido totalitário da direita do século 20, que deu ao mundo monstruosidades como Hitler, Mussolini, Franco e Salazar, além de nossos tiranetes latino-americanos, todos apoiados por uma máquina militar ideologizada e vigilante quanto aos “inimigos internos”.

O conceito, amplamente usado pela ditadura civil militar brasileira, ganhou especial atenção nas palavras do presidente americano a respeito do papel das Forças Armadas em sua perspectiva antiliberal e autoritária.

A ideia de que cidades do país possam servir de campo de exercício para as tropas mais poderosas do planeta é assustadora, e mais ainda quando se tratou de deixar claro que o objetivo é tê-las perfeitamente alinhadas, marchando no mesmo passo do ideário antidemocrático cultivado pelo atual grupo dominante norte-americano.

No quesito mais escandalosamente ideológico coube a Hegseth o papel de showman. O ex-comentarista da Fox News, com passagens pelos conflitos do Afeganistão e Iraque, usou todo o arsenal de sandices do direitismo vulgar, com direito a trollagem de “generais gordos”, para dizer à elite militar que é preciso defender —ou se render— à cartilha do Maga. Quem não quiser que peça para sair.

A politização e instrumentalização das Forças Armadas é um dos ingredientes clássicos do veneno golpista ao lado de outros, como a afronta aos tribunais e o silenciamento das universidades. A receita tem sido testada de modo mais do que preocupante por Trump e seus colaboradores ideológicos, como Hegseth e o vice J.D. Vance. Coube a Vance, aliás, a prerrogativa de desempatar a votação do Senado, em 50 a 50, para chancelar a indicação de Hegseth para a Defesa.

Para nosotros que conhecemos as agruras da América Latina, com seus lances patéticos e cruéis de repúblicas de bananas, há uma certa familiaridade trágica com o que se vê em curso na América. De fato não é nova —e tem um aspecto problemático— a ideia de que os EUA passam por um processo de latino-americanização. Estamos na realidade diante de uma novidade, o advento do populismo radical de direita numa superpotência de tradição liberal cuja influência sobre os desígnios do mundo é enorme.

Estamos também falando —e há aqui alguma esperança— de uma sociedade que cultivou na história valores democráticos e instituições para preservá-los. Se serão vitoriosos (ou até que ponto) é hoje a grande interrogação.


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