A família do cineasta Miguel Viveiros de Castro, que estava a bordo do barco Catalina na flotilha Global Sumud interceptada por Israel nesta quarta (1º), afirma não ter recebido informações oficiais sobre o paradeiro dele.
Em declarações à coluna nesta quinta (2), Marta Viveiros de Castro, madrasta do cineasta, disse que o nome de Miguel aparece apenas como “provável interceptado” nas listas repassadas aos familiares.
“Eu só quero saber onde está o Miguel. Como ele pode desaparecer assim?”, questiona. A família havia combinado um protocolo com o ativista antes do embarque: durante a interceptação, ele deveria ligar a cada dez minutos. “Se o exército entrasse no barco, ele ligaria, diria uma palavra secreta e jogaria o celular no mar. Nada disso aconteceu. E agora estamos muito preocupados”, afirma Marta.
Segundo ela, a família já procurou o Ministério das Relações Exteriores, mas foi informada de que a comunicação com Israel está “difícil” há algum tempo, em razão do posicionamento do governo brasileiro contra a atuação israelense na guerra contra a Palestina. O presidente Lula chegou a afirmar que há um “genocídio em Gaza”.
Na carta enviada às autoridades brasileiras, Marta cobra uma atuação mais firme.
“Não existe ‘possivelmente’: ou foi interceptado ou não foi. E tudo indica que sim, porque Miguel mantinha o contato com disciplina absoluta até o momento em que desapareceu.”
Ela relata que cada hora sem notícias aumenta o desespero. “Miguel não é número, não é abstração. É uma vida, é um brasileiro desaparecido em meio a uma operação que ataca não apenas Gaza, mas também aqueles que ousam romper o cerco e levar ajuda humanitária.”
Marta afirma ainda que a família sempre se orgulhou da atitude de Miguel e de sua “alma guerreira”, herança do pai, que foi guerrilheiro durante a ditadura militar. A notícia, no entanto, vem em um momento delicado: “O pai dele está muito doente, passando por exames, e ainda tem que lidar com a angústia de não saber o que aconteceu com o filho.”
De acordo com o Itamaraty, diplomatas brasileiros devem visitar nesta sexta (3) os ativistas detidos por Israel. Entre eles estão a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL-Campinas), a presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, Gabi Tolotti, e o ativista Thiago Ávila.
Ao todo, 12 brasileiros já tiveram a prisão confirmada por Israel, que recém afirmo que deportará para a Europa os ativistas da flotilha.
Miguel e o ativista João Aguiar, que estava no veleiro Mikeno, não estão entre eles e seguem sem paradeiro conhecido.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
