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Xi Jinping pretende pressionar Donald Trump a declarar que os EUA “se opõem” formalmente à independência de Taiwan, informou o jornal americano The Wall Street Journal.
A mudança de linguagem iria além do “não apoia” usado na era Biden e marcaria um alinhamento mais próximo da posição de Pequim.
Segundo o jornal, assessores chineses avaliam que Trump tem interesse em fechar logo um acordo econômico com Pequim e que, por isso, poderia estar disposto a negociar a mudança terminológica.
Desde que voltou à Casa Branca, o republicano atrasou parte da ajuda militar a Taipé, vetou uma escala do líder Lai Ching-te nos EUA e passou a enfatizar apenas a “oposição a mudanças unilaterais do status quo”.
Desde que Xi virou o líder do governo, em 2013, ele tem feito da reunificação com Taiwan um pilar do seu chamado rejuvenescimento nacional e repete que o processo é “inevitável”.
Por que importa: a alteração na forma como Washington se posiciona sobre o tema indicaria alinhamento ativo dos americanos à narrativa anti-separatista de Pequim, com efeitos domésticos (fortalecendo sua posição interna) e regionais (isolar os taiwaneses).
É bastante provável que, caso o presidente americano ceda, Pequim use o gesto como legitimação internacional da sua causa de reunificação, aumentando a vulnerabilidade de Taipé.
pare para ver
Tela de Cao Jun, um pintor de Xangai que une tradição chinesa (caligrafia, tinta) com elementos do modernismo ocidental. Veja mais sobre ele aqui.
o que também importa
★ O Partido Comunista da China se reunirá de 20 a 23 de outubro para definir as metas de desenvolvimento social e econômico do país para o período de 2026 a 2030. A reunião, chamada de terceiro plenário, ocorre a cada cinco anos para revisar os planos do governo. O encontro acontece em meio a tensões comerciais com o Ocidente, crise no setor imobiliário e excesso de produção em áreas como veículos elétricos. Dias depois, Xi Jinping deve ir à Coreia do Sul para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, onde deve se encontrar com Donald Trump.
★ Um tribunal de Wenzhou, no leste da China, condenou à morte 11 membros da família Ming acusados de comandar centros de fraude em Mianmar. No total 39 integrantes da quadrilha receberam penas de morte, 11 de prisão perpétua e os demais com sentenças entre cinco e 24 anos. Desde 2015, o grupo atuava em fraudes online, cassinos ilegais, tráfico de drogas e prostituição, acumulando mais de 10 bilhões de renminbis (aproximadamente R$ 7,45 bilhões), além de ser responsabilizado por mortes de trabalhadores vítimas de exploração análoga à escravidão.
★ A presidente do México, Claudia Sheinbaum, propôs criar uma mesa de diálogo “de alto nível” com a China para discutir tarifas que seu governo pretende aplicar. O anúncio veio após Pequim abrir investigação sobre medidas mexicanas que incluem alíquotas de até 50% em 1.463 produtos e outras restrições a bens e capitais chineses. Sheinbaum disse que as ações não visam apenas a China, mas buscam melhorar a balança comercial e aumentar a produção interna. Ela também destacou que a relação bilateral com o país asiático é positiva e que a iniciativa não significa tensões, mas uma estratégia para fortalecer a economia.
fique de olho
A indústria da China encolheu pelo sexto mês seguido em setembro. É o maior período de queda desde 2019.
- O chamado PMI, um índice que mede a saúde das fábricas, ficou em 49,8 pontos. Quando está abaixo de 50, significa que a produção está diminuindo.
O resultado mostra que, a despeito de melhorias pontuais, o quadro geral da economia chinesa continua frágil. Muitas fábricas conseguem aumentar a produção apenas reduzindo preços, o que diminui o lucro. O setor também sofre com consumidores comprando menos e com a incerteza das tensões comerciais com os Estados Unidos.
Mas nem todos os analistas concordam com a avaliação pessimista. Um levantamento feito pela consultoria privada RatingDog mostrou um PMI com 51,2 pontos em setembro. A diferença ocorre porque a pesquisa oficial é feita pelo governo e costuma dar mais peso a grandes estatais, enquanto a RatingDog ouve empresas menores e privadas (que podem estar vendendo mais).
Por que importa: a indústria é o motor da economia chinesa e funciona como termômetro do crescimento global. Uma contração tão prolongada indica que a segunda maior economia do mundo segue perdendo fôlego, o que vai reduzir a demanda por commodities exportadas por países como Brasil, Argentina e Austrália e aumentar a pressão competitiva sobre fabricantes estrangeiros, que enfrentam produtos chineses mais baratos.
No campo político, o enfraquecimento da indústria limita a capacidade de Xi Jinping de projetar confiança no exterior e o obriga a buscar estímulos internos mais agressivos.
para ir a fundo
- Começa no dia 9 de outubro a Mostra de Cinema Chinês, realizada pelo Instituto Confúcio na Unesp. O evento acontecerá em salas de exibição do Centro Cultural São Paulo (CCSP). Veja a lista de filmes mais e informações aqui.
- A ONG britânica Sinification está com vagas abertas para analista e editor responsáveis por pesquisas e publicações sobre a China. O contrato inicial é de 12 meses, com possibilidade de extensão e a posição pode ser em tempo integral ou parcial, de forma remota. A remuneração varia de £35 mil a £55 mil anuais (aproximadamente R$ 250 mil a R$ 393 mil). Saiba mais aqui.
