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Vermelho Sangue imagina lobisomens e vampiros no Brasil – 01/10/2025 – Ilustrada

Uma jovem solitária se muda para uma cidadezinha e fica dividida entre as demonstrações de afeto de uma entusiasta de lobisomens e as investidas de um misterioso vampiro. A sinopse poderia ser a de “Crepúsculo“, mas funciona também para “Vermelho Sangue”.

Nova série original do Globoplay, a trama criada por Claudia Sardinha e Rosane Svartman estreia nesta semana adaptando a mitologia por trás desses seres para a realidade brasileira e os tempos atuais. O melhor exemplo disso é o lobo que conceberam em conjunto –uma “lobimoça-guará”, na verdade, que se envolve com outra garota.

Interpretada por Leticia Vieira, Luna tem uma condição rara, que a transforma em lobo-guará quando é Lua cheia. Ela a herdou de seu pai, de quem sabemos pouco, já que ele não está mais presente em sua vida. A mãe, superprotetora, faz seu mundo girar em torno da filha e da busca de uma cura.

Por isso, as duas se mudam para um instituto de pesquisa no cerrado mineiro, que funciona como uma espécie de universidade. Enquanto Luna estuda, Carol passa horas e mais horas no laboratório, sob orientação de um diretor com interesses, logo desconfiamos, escusos.

Ao longo da infância e da adolescência, a protagonista aprendeu a evitar a transformação completa em lobimoça. Esse autocontrole, porém, é ameaçado com a profusão de hormônios que a arrebatam quando conhece Flora, uma colega de turma que não tem muitos amigos justamente por causa de seu lado esotérico, alvo de chacota –vivida por Alanis Guillen.

Quando elas se beijam calorosamente no vestiário, os olhos de Luna ficam dourados e em seus dedos crescem longas garras negras. Amar e desejar Flora, ela percebe, é um perigo; sentir raiva dos alunos estrangeiros Michel e Celina, vampiros que têm como missão cortejá-la, também.

“Os personagens são jovens adultos, mas ainda assim falamos de uma trajetória de amadurecimento, de descoberta de quem são. O gênero [do horror] ajuda a falar de primeiras vezes e de rupturas de maneira mais alegórica, fantasiosa”, diz Sardinha.

Ela conta que ter crescido enquanto lia “Harry Potter” a influenciou profundamente, enquanto Svartman cita as séries “True Blood” e “Teen Wolf” como referências.

“Existe um leque imenso de obras dentro desse universo. O projeto surgiu porque o Erick Brêtas [criador do Globoplay] viu um grande fluxo de espectadores para esse tipo de conteúdo, que fazia parte do catálogo da plataforma. Ele sugeriu que era hora de pensar num conteúdo brasileiro, respeitando o código, mas trabalhando com o nosso arcabouço folclórico”, diz Svartman.

Assim, os lobos cinzentos das tramas de lobisomem viraram lobos-guará, enquanto os vampiros, anêmicos na produção local, viraram alunos intercambistas, vindos de França e Portugal, em “Vermelho Sangue”. Já o cenário escolhido foi o Santuário do Caraça, construção colonial imponente em Minas Gerais, que faz as vezes da Hogwarts –a escola de magia de “Harry Potter”– brasileira.

Corredores escolares e universitários já apareceram antes na obra de Sardinha e Svartman, que trabalharam juntas em “Malhação”, além de nos folhetins “Totalmente Demais” e “Bom Sucesso”. A segunda autora assina ainda a criação de “Vai na Fé” e “Dona de Mim“, que recentemente deram motivos para a Globo sorrir em meio à crise de audiência do formato.

Como elas, “Vermelho Sangue” quer abocanhar uma fatia generosa do público. Por mais que a sinopse possa parecer a de uma trama adolescente, há temas adultos com os quais as autoras esperam que todos se identifiquem. Elas acreditam que o tema principal da série é justamente o embate entre natureza e ciência, num momento em que o mundo se alarma com discussões ambientais e tecnológicas.

“O poder está com o espectador. Ele pega a história e a lê a partir de suas próprias narrativas e trajetórias. Eu, como consumidora desse tipo de conteúdo, sei que a função das histórias de monstro é perguntar quem é o monstro“, diz Svartman.

“É a Luna? É quem quer transformar a Luna? A mãe dela busca uma cura por amor? Mas isso não é uma forma de violência? Nós vamos propor as discussões, mas o poder está com o espectador, que, eu sempre digo, nunca é passivo ao assistir a uma história.”

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