Israel segue bombardeando e operando na Cidade de Gaza nesta quarta-feira (1º) e agora bloqueia palestinos que moram ou se deslocaram ao sul da Faixa de Gaza de acessarem a porção norte do território conflagrado, enquanto o Hamas analisa o plano do presidente americano Donald Trump para o fim da guerra.
O Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, descreveu a medida que bloqueou o acesso ao norte do território como “apertar o cerco em torno de Gaza no caminho para derrotar o Hamas“, dizendo que os palestinos dispostos a partir para o sul teriam que passar por uma triagem do Exército.
“Esta é a última oportunidade para os residentes de Gaza que desejam se deslocar para o sul e deixar os membros do Hamas isolados na própria Cidade de Gaza diante das operações em grande escala contínuas das Forças de Defesa de Israel”, disse Katz.
Os militares israelenses também reforçaram que a partir desta quarta-feira também não permitiriam mais o usa da estrada costeira para deslocamentos do sul para o norte.
A estrada permaneceria aberta para aqueles que fogem para o sul, disse o Exército. Testemunhas relataram que tanques israelenses começaram a se mover em direção à estrada costeira vindo do leste, mas ainda não haviam chegado no local.
Aviões e tanques israelenses bombardearam bairros residenciais durante toda a noite desta terça, disseram moradores da Cidade de Gaza. As autoridades locais de saúde, ligadas ao Hamas, afirmaram que pelo menos 35 pessoas foram mortas no território nesta quarta-feira, a maioria delas na Cidade de Gaza.
Um ataque à cidade velha da Cidade de Gaza matou sete pessoas, segundo médicos. Outro ataque matou seis pessoas abrigadas em uma escola, ainda de acordo com profissionais de saúde do território.
Também de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, mais dois palestinos, incluindo uma criança, morreram de desnutrição e fome em Gaza nas últimas 24 horas, elevando as mortes por essas causas para pelo menos 455 pessoas, incluindo 151 crianças, desde o início da guerra.
Enquanto isso, o Hamas continua analisando a proposta de Trump, de acordo com uma pessoa próxima do grupo terrorista ouvida pela agência Reuters. Outras facções terroristas palestinas menores de Gaza, aliadas ao Hamas, teriam rejeitado o plano
Nesta terça-feira (30), Trump deu ao grupo “três ou quatro dias” para responder ao plano que ele divulgou nesta semana ao lado do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que apoiou a proposta para encerrar a guerra.
Um funcionário palestino ouvido pela Reuters e familiarizado com o processo decisório do Hamas e outras facções chamou o plano de desastre, mas que rejeitá-lo também seria um desastre. Segundo ele, o plano era de Netanyahu e articulado por Trump.
O Hamas ainda não comentou publicamente sobre o plano de Trump, que contém 20 pontos e exige que o grupo terrorista liberte os reféns restantes, entregue suas armas e não tenha papel futuro na administração de Gaza.
O plano prevê ainda que Israel faça poucas concessões no curto prazo e não estabelece um caminho claro para um Estado palestino, uma das principais exigências não apenas do Hamas, mas do mundo árabe e muçulmano.
A proposta afirma também que Israel eventualmente se retiraria de Gaza, em fases, mas não define um prazo. O Hamas exige que Israel se retire completamente de Gaza para que a guerra termine.
Três facções terroristas palestinas menores em Gaza rejeitaram o plano, incluindo duas que são aliadas do Hamas, argumentando que isso destruiria a “causa palestina” e concederia à Israel o controle de Gaza com legitimidade internacional.
Muitos líderes mundiais apoiaram publicamente o plano de Trump, incluindo aliados europeus e a maioria dos grandes atores globais do mundo árabe e muçulmano.
Muitos elementos do plano de 20 pontos foram incluídos em numerosas outras propostas de cessar-fogo anteriormente apoiadas pelos EUA. Isso inclui uma série de medidas que foram aceitas e posteriormente rejeitadas, em várias dessas etapas de negociação, tanto por Israel quanto pelo Hamas.