O projeto de lei da redução de penas e o incômodo de deputados com o Senado devido à derrubada da PEC da Blindagem estiveram no centro das conversas entre políticos no casamento de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e a advogada e professora Vanessa Rahal Canado, no sábado (27). A cerimônia aconteceu na Ilha Fiscal, no Centro do Rio de Janeiro.
Estiveram presentes na celebração políticos como Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, Antônio Rueda, presidente do União Brasil, e Baleia Rossi, presidente do MDB. Os deputados federais Orlando Silva (PCdoB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também compareceram.
Cinco ministros do Supremo Tribunal Federal também estiveram presentes: Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, que cantou com Bell Marques no evento. Também se apresentaram os cantores Xande de Pilares e Pretinho da Serrinha.
Um dos convidados mais requisitados foi o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do que ele tem chamado de PL da dosimetria, o projeto que pretende discutir a redução de penas aos condenados pelos atos golpistas.
De um lado, aliados do governo Lula (PT) perguntaram a ele o motivo para insistir em reduzir a pena de Jair Bolsonaro (PL) e outros que teriam encabeçado ações golpistas, contrariando a vontade popular.
Levantamento publicado pelo Datafolha mostrou que 54% dos brasileiros rejeitam a concessão de anistia ao ex-presidente pelo Congresso Nacional.
De outro, políticos mais alinhados a Bolsonaro disseram a Paulinho que seria importante que ele não desistisse da anistia ao colocar somente a redução de penas como meta. Nesse caso, o que o deputado argumenta é que ministros do STF já declararam que a anistia é inconstitucional para envolvidos em atos golpistas.
Deputados também aproveitaram o encontro para criticar o Senado pela derrubada, por unanimidade, da chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem. Eles classificaram o ocorrido como uma quebra de acordo e lamentaram o que foi definido como exposição da Câmara à pressão da opinião pública pelo Senado.
A PEC da Blindagem condicionava a abertura de processos criminais contra congressistas a uma autorização do próprio Congresso.
Reportagem da Folha mostrou que os deputados cobram de Motta uma reação firme ao Senado. No casamento de Maia, eles falaram em fazer com que a discussão sobre a redução de penas comece a sua tramitação pelo Senado, com um outro projeto.
Os parlamentares afirmaram, nas conversas durante o casamento, que se sentem inseguros em embarcar em outro debate de ampla repercussão social sem a certeza de que serão respaldados pelos senadores. Caso a tramitação comece pelo Senado, a Câmara ficaria com o papel de propor alterações no texto original e teria menos exposição.
Segundo os presentes no casamento, os ministros do STF ficaram todos sentados na mesma mesa e tiveram interações com empresários e políticos o tempo todo. A movimentação de Rueda, presidente do União Brasil, chamou atenção. Ele foi até a mesa dos ministros, puxou conversa e trocou palavras elogiosas.
Rueda hoje vive pressão após depoimento de piloto à Polícia Federal acusando-o de ser o dono verdadeiro de aeronaves operadas por empresa supostamente ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele nega.
Entre ministros do governo Lula, marcaram presença André de Paula, da Pesca, e Wolney Queiroz, da Previdência.
Os empresários do setor financeiro foram em peso à cerimônia, já que Maia hoje é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras. André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, e Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, participaram da festa.