Se fosse para definir o jantar no Caco em uma palavra, seria leveza. Não que os pratos se resumam a isso. Eles são também intensos em sabor. Mas conseguem unir potência e delicadeza. Junto a um atendimento focado e ágil, tudo flui bem na casa aberta neste ano em Pinheiros.
Chegamos às 21h30 e entramos na espera. Quinze minutos depois, fomos acomodados no bar, que conta com uma pequena bancada para até três pessoas. Não demorou para nos chamarem para a mesa. Mas estava tão agradável ver o movimento das bartenders e do pessoal da cozinha que decidimos ficar por ali mesmo.
Como se trata de um bar–restaurante, comecei com um fitzgerald (R$ 44). Sou adepta dos drinques clássicos, mas perfis mais ousados podem se aventurar pelos coquetéis autorais. Caso do mil-folhas (R$ 38), que leva infusão de vodca em nozes e vermute em ricota e manteiga.
Intrigada com a descrição desse drinque no cardápio, dias depois mandei uma mensagem ao local perguntando sobre a técnica. Foi o próprio chef, Victor Senna, que respondeu, dizendo que se trata do “fat wash“, uma infusão que usa gorduras para extrair sabores, aromas e texturas.
De volta ao jantar, dividimos o tartelete de atum (R$ 56), o que pareceu arriscado a princípio. Na hora do pedido, veio à cabeça a imagem daqueles terríveis barquinhos com maionese que os bufês costumam servir. A realidade não poderia ser mais diferente. Chegaram quatro elegantes cestinhas de massa fina e crocante, com pedaços muito frescos de atum dispostos sobre creme azedo. Uma entrada sutil e fresca.
De principal, a mezzaluna de queijos (R$ 72) é uma massa fresca recheada com o trio ricota, queijo tulha e fior di latte. As meia-luas são dispostas sobre um demi-glace de vegetais. Nozes tostadas fazem um bem-vindo contraponto com a maciez do prato. E o espinafre na brasa (poderia vir mais) arremata, dando mais textura, cor e graça.
Outra receita degustada foi o sacotini (R$ 74). Sacolinhas de massa fresca recheadas com ragu de pescoço de cordeiro. O recheio poderia ser um pouco mais saboroso e tinha a textura levemente farinhenta. Mas isso se resolveu com uma bela mergulhada no ótimo demi-glace que compõe o prato.
Além das massas recheadas, chamam atenção no cardápio a língua bovina cozida em baixa temperatura e finalizada na brasa servida com polenta frita (R$ 65), e o prime rib suíno empanado, que vai com salada de repolho e maçã verde (também R$ 65).
De sobremesa, chiffon ao limoncello (R$ 39). Como já estávamos satisfeitos, tivemos a impressão de que talvez um bolo coberto por creme zabaione, com pistache e calda de limoncello fosse pesado demais para encerrar a refeição. Mas deu tudo certo. Estava leve como uma nuvem.
Como acontece em outros endereços da cidade, é preciso alinhar o horário de funcionamento informado à realidade do estabelecimento. O perfil do Caco no Instagram diz que, no sábado à noite, o local fica aberto das 19h às 23h. No sábado da visita, a cozinha fechou às 22h30, e um casal que chegou às 22h26 já não conseguiu mais entrar. Se um restaurante diz atender até as 23h, deveria ser possível chegar para jantar neste horário.