O advogado Luiz Carlos da Rocha, amigo do presidente Lula (PT) e conhecido como Rochinha, afirma ter sido sondado para representar o piloto que faz acusações contra o presidente do União Brasil, Antônio Rueda. Ele disse, no entanto, que fez a indicação de outro advogado.
O piloto Mauro Caputti Mattosinho afirmou em depoimento à Polícia Federal no final de agosto que Rueda é o verdadeiro dono de ao menos quatro aeronaves operadas por um empresa aérea ligada a Beto Louco e Primo, investigados por suspeita de lavar dinheiro para o PCC (Primeiro Comando da Capital). O presidente do União Brasil nega.
O caso foi revelado por reportagem do ICL Notícias e do UOL.
Rochinha afirmou que foi procurado por Mattosinho, mas que não aceitou o caso por não ser criminalista. Ele disse que o piloto não lhe disse quem o havia indicado.
À Folha, Mattosinho afirmou que chegou a Rochinha por meio de um amigo que também é advogado. Ele disse que não recebeu orientação ou ajuda de nenhuma pessoa ligada ao governo.
“Comecei a falar com conhecidos meus que trabalham na área. Um deles me passou o contato de um advogado chamado Rocha. Falou, ‘liga para esse cara aqui que ele é muito bom e talvez possa te ajudar’. Foi a indicação de um amigo meu, que também é advogado”, disse Mattosinho.
O piloto afirmou que ainda está em conversas com o advogado indicado por Rochinha, Eduardo Stevanato, mas ainda não o contratou. A Folha não conseguiu falar com Stevanato na noite desta quinta-feira (25).
Em entrevista ao ICL Notícias, Mauro Mattosinho disse que Rueda era citado por seu ex-chefe na Táxi Aéreo Piracicaba (TAP) como o líder de um grupo que “tinha muito dinheiro que precisava gastar” na compra de aeronaves, avaliadas em milhões de dólares. Mattosinho afirma também que fazia voos frequentes com os investigados, inclusive a Brasília.
Apesar de ter procurado o amigo de Lula, Mattosinho disse não ter recebido orientação ou auxílio de nenhum integrante do governo.
“Não tenho nenhuma relação. A única relação que apontaram ao meu respeito é o fato de eu ser filiado ao PSOL. Isso se deu por que, no lugar em que eu estava, eu comecei a presenciar e a ver políticos de determinados partidos fazendo práticas ilegais e isso me motivou a buscar um partido político que estivesse no campo oposto a essas pessoas”, afirmou.
Ele disse ainda que a filiação se deu há menos de um ano e foi feita de forma automática, pela internet, sem qualquer contato com alguém do partido.
Rochinha entrou na vida de Lula quando o petista estava preso, condenado por processos da operação Lava Jato. Isso ocorreu a partir de indicação de Roberto Teixeira, pai de Valeska Martins e sogro de Cristiano Zanin, que hoje é ministro do Supremo Tribunal Federal por indicação do presidente.
Teixeira, também amigo de Lula, sugeriu que Rocha e Manoel Caetano, que são primos, fossem nomeados representantes de Valeska e Zanin em Curitiba nos processos relacionados ao petista.
Caetano hoje é presidente da Comissão de Ética da Presidência da República. Os primos visitaram Lula quase todos os 580 dias durante o seu período preso na sede da superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba.
Foi nessa época que passaram a ser considerados amigos e irmãos pelo petista, de acordo com o primeiro volume da biografia de Lula escrita pelo jornalista Fernando Morais.
Rocha e Caetano se recusaram a cobrar pela defesa, diz o livro, e participaram dos principais momentos desse momento na trajetória do petista, como a saída do prédio da PF, em 8 de novembro de 2019.
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