Esta é a edição da newsletter Tudo a Ler desta quarta-feira (24). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:
“O chinês é uma língua difícil de traduzir”, diz Can Xue, uma das principais vozes da literatura contemporânea do país e frequentemente citada como candidata ao Nobel de Literatura.
Apesar de não considerar esse reconhecimento importante, ela diz ao correspondente Nelson de Sá que o prêmio seria uma oportunidade para a literatura da China alcançar mais lugares ao redor do mundo.
A chegada de Can Xue às livrarias brasileiras, com o romance “Histórias de Amor no Novo Milênio” (trad. Verena Veludo Papacidero, Fósforo, R$ 104,90, 400 págs.) coincide com um momento de intensificação do diálogo literário entre a China e o Brasil.
De acordo com a Academia Chinesa de Ciências Sociais, a tradução por inteligência artificial levou a um crescimento expressivo do consumo de obras chinesas pelo mundo no último ano, sendo o Brasil uma das regiões onde essa expansão foi mais notável.
Se por um lado essa revolução tecnológica permite traduções mais instantâneas, por outro prevê versões sem a alma que faz daquele um texto autoral.
Acabou de Chegar
“Audre Lorde: Sobreviver É uma Promessa” (trad. Érika Nogueira Vieira, Todavia, R$ 134,90, 520 págs.) é uma biografia pouco convencional feita pela pesquisadora americana Alexis Pauline Gumbs. São 58 capítulos curtos que visam contemplar as diversas faces da intelectual que se definia como mulher, negra, lésbica e guerreira. Segundo a crítica Stephanie Borges, o livro se destaca pela atenção minuciosa aos temas e eventos marcantes da vida da poeta e em como eles se reverberam em sua obra.
“Com Amor, Freddie” (trad. Gabriel Zide Neto, Rocco, R$ 79,90, 288 págs.) é a quarta biografia da jornalista britânica Lesley-Ann Jones sobre Freddie Mercury. Essa se diferencia por uma revelação que gerou controvérsias entre amigos do biografado: a de que o vocalista do Queen seria pai de uma mulher, que hoje teria 48 anos. Essa suposta filha participou da composição do livro e, segundo o crítico André Barcinski, o problema da biografia é justamente a visão condescendente e parcial que ela oferece do cantor.
“The Tale of Three Cities: The Rebuilding of London, Paris, and Lisbon” (SLDinfo.com), que pode ser traduzido como “O Conto de Três Cidades: A Reconstrução de Londres, Paris e Lisboa”, é um livro trilíngue escrito pelo historiador britânico Kenneth Maxwell. Ele se inspirou em uma palestra que deu em Harvard para examinar como três grandes cidades europeias responderam a grandes mudanças: o incêndio que devastou Londres no século 17, o terremoto que arrasou Lisboa e o redesenho de Paris após a Revolução Francesa, ambos no século 18.
E mais
A escritora Maidy Lacerda, de 28 anos, é a criadora de um mundo literário já responsável pela venda de mais de 500 mil livros. Com cinco títulos já publicados sobre princesas, fadas e elfos, Lacerda se prepara para sua estreia nos Estados Unidos e em outros países da América Latina. “É muito surreal ver a proporção que a saga ‘Princesa Desastrada’ tem tomado, principalmente nessa nova geração que a gente sabe que está imersa ali na cultura das telas”, ela diz ao jornalista Jairo Marques.
Anunciada para acontecer de 10 a 19 de outubro em Curitiba, a 1ª Bienal do Livro do Paraná mudou sua sede para o Jockey Club. O evento antes aconteceria no Viasoft Experience, na mesma cidade, mas o local rescindiu o contrato por falta de pagamento. Esse é mais um dos problemas que a Bienal acumula desde que começou a ser concebida no ano passado, como mostra a reportagem de Catarina Scortecci.
Em passagem pelo Brasil como convidado do Festival Artes Vertentes na cidade mineira de Tiradentes, o poeta e dramaturgo Jean d’Amerique tem falado sobre o cotidiano turbulento do Haiti. “Não consigo, por ora, ver um futuro para o meu país. A violência está chegando ao topo”, disse ao repórter especial Naief Haddad. A chegada do autor ao Brasil marca também a publicação de suas obras como “Ópera Poeira” e “A Catedral dos Porcos”.
Além dos Livros
Antes com estratégia focada em financiamento coletivo, a editora Pinard agora muda sua operação visando se tornar a principal casa de livros latino-americanos no Brasil. Seu próximo lançamento, “As Mortas”, do mexicano Jorge Ibargüengoitia, já está em pré-venda na Amazon, modelo de venda inédito para a casa. Ao Painel das Letras, um dos sócios da Pinard, Paulo Lannes, afirmou: “Queremos criar um ecossistema em torno da América Latina”.
Na última semana, Sueli Carneiro foi eleita a intelectual do ano pelo troféu Juca Pato, concedido pela União Brasileira dos Escritores. A escritora e filósofa paulistana é uma das mais influentes vozes do debate sobre raça e gênero no Brasil. É autora de livros como “Dispositivo da Racialidade” e o mais recente “Lélia Gonzalez: Um Retrato”.
Eternizado pelo escritor José Lins do Rêgo no clássico “Menino de Engenho”, o Engenho Corredor foi tombado pelo Iphan na última semana. O conjunto arquitetônico na cidade paraibana de Pilar, como conta a reportagem de João Pedro Pitombo, inclui as antigas casa-grande e senzala, ambas restauradas, e as ruínas da casa de engenho, onde Lins do Rêgo nasceu em 1901.