Uma estátua do presidente Donald Trump e do financista Jeffrey Epstein de mãos dadas foi removida da área do National Mall, em Washington, um dia depois de ter sido colocada lá. A obra tinha autorização do Serviço Nacional de Parques para permanecer no local, em frente ao Capitólio, até às 20h do próximo domingo (28).
Um porta-voz da polícia informou à revista Washingtonian que a força auxiliou o Serviço Nacional de Parques na remoção da estátua nesta quarta (24), às 5h30, “devido ao não cumprimento da autorização”.
A polícia não havia respondido a pedidos de comentários feitos pelo jornal americano The Washington Post. O Serviço Nacional de Parques e a Casa Branca também não responderam aos emails solicitando comentários sobre a remoção da obra.
A estátua de 3,6 metros de altura, pintada com spray na cor bronze e intitulada “Melhores Amigos para Sempre” retratava Trump e Epstein de mãos dadas e cada um com um pé levantado para trás. Uma placa na base da instalação dizia: “Celebramos o vínculo duradouro entre o presidente Donald J. Trump e seu ‘amigo mais próximo’, Jeffrey Epstein”.
De acordo com o pedido para autorização, o propósito da obra de arte era “demonstrar a liberdade de expressão e a expressão artística usando imagens políticas”.
Trump e Epstein, um financista rico, foram amigos, mas um negócio imobiliário em 2004 abalou a relação entre os dois. Quando Epstein foi preso em 2019 sob suspeita de tráfico sexual de menores, Trump, então em seu primeiro mandato como presidente, disse: “Eu tive um desentendimento com ele há muito tempo. Acho que eu não falo com ele há 15 anos. Eu não era fã dele.”
Na manhã desta quarta, um pedaço seco no chão era o único vestígio de que a estátua havia sido instalada ali. Turistas e moradores locais que vieram ver a instalação disseram estar surpresos e desapontados com a remoção.
“Foi deprimente. Vim aqui especificamente para ver a estátua”, disse Nigel Collie, 68, da cidade Portland, no estado de Oregon. “É mais uma indicação da deterioração da liberdade de expressão.”
“Acho que é uma loucura”, disse Sara Daimes, 67, sobre a remoção da obra. Ela acrescentou que vê isso como mais uma iniciativa do governo Trump para restringir a liberdade de expressão. “Dou muitos pontos para a pessoa ou para o grupo que está fazendo [as estátuas]”, disse ela. “Eu estava ansiosa por isso.”
A estátua de Trump e Epstein foi a mais recente de uma série de esculturas políticas e críticas ao presidente que foram colocadas em Washington e em outros lugares por um grupo anônimo.
Em junho, o grupo fez uma instalação no National Mall intitulada “Aprovado por Ditadores”, que incluía declarações de apoio a Trump feita por líderes autoritários, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, o premiê húngaro, Viktor Orban, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e Kim Jong-Un, da Coreia do Norte.
A primeira peça de protesto apareceu em outubro passado, quando o grupo instalou uma réplica da mesa da ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi (Partido Democrata) que incluía uma pilha (falsa) de fezes em cima. Esse trabalho fez referência aos manifestantes do 6 de Janeiro que invadiram o Capitólio dos EUA em uma tentativa de anular a eleição de 2020.
A Casa Branca ridicularizou a estátua em comunicado na terça-feira (23).
“Os liberais são livres para desperdiçar seu dinheiro como quiserem —mas não é novidade que Epstein conhecia Donald Trump, porque Donald Trump expulsou Epstein de seu clube por ser um pervertido”, disse a porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson.
“Democratas, a mídia e a organização que está desperdiçando seu dinheiro nessa estátua sabiam sobre Epstein e suas vítimas há anos e não fizeram nada para ajudá-las, enquanto o presidente Trump pedia transparência e agora está cumprindo isso com a divulgação de milhares de páginas de documentos.”
