29.4 C
Nova Iorque
domingo, setembro 28, 2025
No menu items!

Buy now

spot_img
No menu items!

Avanço do Brics é visto por Trump como ameaça ao dólar – 24/09/2025 – Latinoamérica21

Em 8 de setembro de 2025, uma reunião virtual do Brics, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reafirmou as diretrizes da 17ª Cúpula realizada no Rio de Janeiro em julho. Lula defendeu o multilateralismo, criticou tarifas impostas pelos EUA e pediu o fim de práticas unilaterais que comprometem o comércio internacional. Participaram líderes ou representantes de China, Egito, Indonésia, Irã, Rússia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia e Etiópia.

A Cúpula de julho ocorreu em meio a forte tensão geopolítica, com ataques de Israel e EUA ao Irã e a intensificação das disputas econômicas impulsionadas pela guerra tarifária de Donald Trump. Apesar do cenário, o Brasil conduziu uma agenda multilateral centrada na redução das desigualdades, logrando aprovar quatro documentos principais: a declaração final e três declarações temáticas em saúde, governança digital e financiamento climático.

A declaração final representou avanços importantes. O Irã aceitou apoiar a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino, enquanto países africanos apoiaram o pleito do Brasil e da Índia pela reforma do Conselho de Segurança, além de maior representação africana. No campo monetário, evitou-se propor uma moeda comum, mas reafirmou-se o comércio em moedas locais e a redução da dependência do dólar. Essa postura reflete a estratégia brasileira de “não-alinhamento ativo”, simbolicamente reforçada pela evocação da Conferência de Bandung em seu 70º aniversário, lembrada também pela entrada da Indonésia no Brics.

A defesa do multilateralismo incluiu críticas às instituições existentes. O documento destacou a necessidade de democratizar a ONU, reformar Bretton Woods e restabelecer a OMC, cujo mecanismo de solução de controvérsias está paralisado pelos EUA. A palavra “democracia” aparece sete vezes, indicando que o Brics defende uma governança global mais democrática, para além dos marcos nacionais. Também houve críticas à instrumentalização de organismos multilaterais, como a Agência Internacional de Energia Atômica, acusada de parcialidade após o caso iraniano.

Os três documentos temáticos reforçaram esse posicionamento. A parceria em saúde reafirma o compromisso com a eliminação de doenças socialmente determinadas, como a tuberculose, defendendo o fortalecimento de sistemas públicos e a cooperação científica. A declaração sobre inteligência artificial defende uma governança baseada nos princípios da ONU, nos direitos humanos e na diversidade, rejeitando a concentração de poder em grandes plataformas e a reprodução de preconceitos algorítmicos. Já a declaração sobre finanças climáticas reafirma o compromisso com o Acordo de Paris e reivindica novos financiamentos em condições justas, reconhecendo o papel do Novo Banco de Desenvolvimento.

Apesar da moderação diplomática, o Brics continua a ser visto como ameaça por setores hegemônicos. Durante a Cúpula, Trump reagiu com hostilidade, ameaçando tarifas adicionais de 10% contra países alinhados às “políticas anti-americanas do Brics” e afirmando que “o dólar é rei. Vamos mantê-lo assim. Perder a hegemonia do dólar seria como perder uma guerra.”

Trump vê a pluralidade monetária como uma ameaça existencial ao dólar e reage com sanções unilaterais que desafiam a soberania dos países, intensificando as tensões no cenário econômico e político internacional.

Este texto faz parte da colaboração entre a OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a Latinoamérica21 para a divulgação da plataforma Voces de Mujeres Iberoamericanas.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Related Articles

Stay Connected

0FansLike
0FollowersFollow
0SubscribersSubscribe
- Advertisement -spot_img

Latest Articles