A votação da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados abriu uma crise no PDT, com críticas dos deputados à direção nacional da sigla.
Na semana passada, o líder do partido na Casa, Mário Heringer (MG), conversou com parlamentares e orientou o voto pela aprovação da medida, alegando que havia um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para barrar o avanço da anistia aos condenados pelos atos golpistas em troca da aprovação da PEC.
Com isso, dos 16 deputados do partido, 10 votaram a favor e 5 contra a PEC, além de uma ausência. No dia seguinte, com ajuda do centrão, o plenário da Câmara aprovou o requerimento de urgência do projeto da anistia, com 311 votos favoráveis e 163 contrários.
Desde então, os parlamentares que votaram a favor da PEC passaram a ser criticados nas redes sociais. O descontentamento dos deputados com o partido aumentou depois de o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, publicar nas redes sociais uma nota afirmando que o PDT seria contrário à PEC no Senado.
“Nossa orientação é clara: VOTO CONTRÁRIO às duas propostas. Somos contra privilégios de qualquer origem. Nossa posição é pela transparência, justiça e fortalecimento das instituições democráticas”, escreveu em publicação na página oficial do PDT nacional.
Dois deputados dizem, sob reserva, que Lupi não comunicou a decisão previamente. O gesto do presidente da sigla gerou descontentamento entre os deputados, que se sentiram traídos e abandonados pela cúpula partidária. Nas palavras de um deles, quem cumpriu o acordo virou “a Geni”, em referência à personagem da música “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, e passou a ser atacado.
Em grupo do WhatsApp do partido, foram feitas críticas à postura do dirigente. Em resposta, Heringer escreveu que colocaria o cargo à disposição e que os colegas poderiam discutir essa possibilidade na terça (23), em reunião da bancada.
À Folha, o líder do PDT afirmou que abriria mão do cargo de liderança se a maioria da bancada assim desejasse. “Numa discussão interna da bancada de deputados do partido, eu admiti que, se a maioria desejasse, eu abriria mão da minha posição”, afirmou.
Procurado, Lupi diz que a decisão foi tomada porque a votação no Senado ainda irá acontecer. “A anterior, da Câmara, ninguém me consultou”, afirma.
Integrantes da bancada afirmam que, após a confusão na votação da PEC, a tendência é que o partido oriente contra à anistia e puna quem divergir.
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