A Rússia acusou nesta segunda-feira (22) a Estônia, Estado-membro da Otan, de afirmar falsamente que jatos militares russos violaram seu espaço aéreo na semana passada. Moscou disse que Tallinn não apresentou provas e estaria tentando aumentar as tensões entre Leste e Oeste.
“Consideramos que essas declarações não fazem sentido, são infundadas e fazem parte de uma política completamente desenfreada que consiste em inflamar as tensões e provocar um clima de confronto”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, durante sua entrevista coletiva diária.
Na sexta-feira (19), a Estônia declarou que três caças russos MiG-31 entraram em seu espaço aéreo sem permissão e permaneceram por 12 minutos antes de se retirarem. Autoridades ocidentais consideraram o episódio uma tentativa de testar a prontidão e a determinação da Otan.
“A violação é uma provocação extremamente perigosa”, escreveu no X a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, que foi primeira-ministra da Estônia. “[Vladimir] Putin está testando a determinação do Ocidente. Nós não devemos mostrar fraqueza”, afirmou.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira “em resposta à flagrante violação do espaço aéreo estoniano por parte da Rússia”, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da Estônia.
“A Rússia violou o espaço aéreo da Estônia quatro vezes neste ano, o que é inaceitável em si, mas a violação de hoje é de um descaramento sem precedentes”, disse o chanceler estoniano, Margus Tsahkna, na ocasião.
Na terça-feira, representantes dos 32 países da Otan se encontrarão em Bruxelas, a pedido da Estônia, para tratar do caso. Pelo Artigo 4 da aliança, qualquer membro pode levar uma questão ao conselho da Otan—seu principal órgão decisório— para discutir uma reação quando considerar ameaçada sua integridade territorial, independência ou segurança.
Peskov destacou que o Ministério da Defesa russo já havia negado categoricamente a acusação estoniana e disse que os pilotos russos sempre atuam em conformidade com o direito internacional. “Não ouvimos na declaração estoniana que eles tenham dados objetivos de monitoramento (para sustentar a alegação)”, acrescentou.
O incidente ocorreu pouco mais de uma semana após 21 drones russos terem entrado no espaço aéreo da Polônia, três dos quais foram abatidos por aviões poloneses e caças F-35 neerlandeses —algo inédito para a Otan desde sua criação, em 1949.
Segundo o Kremlin, a invasão teria sido acidental, durante um ataque ao oeste da Ucrânia. A Polônia e outros governos europeus discordam e acreditam que a ação visava testar sua capacidade de reação.
No sábado (13), foi a vez de a Romênia interceptar drones que atravessaram sua fronteira durante bombardeios russos à região de Odessa, no sul da Ucrânia. O Estado-membro da Otan precisou utilizar caças F-16 para acompanhar ao menos dois drones que invadiram seu espaço aéreo até cair em áreas desabitadas.
As tensões entre Moscou e os membros da Otan estão em seu ponto mais alto desde o início da ofensiva russa em grande escala contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
