A justiça da Alemanha libertou o principal suspeito no desaparecimento de Madeleine McCann nesta quarta-feira (17), após ele cumprir uma pena de sete anos por um crime sexual não relacionado com o caso da menina britânica.
Christian Brueckner, 49, estava detido na penitenciária de Sehnde, no norte da Alemanha, mas não foi acusado pelo desaparecimento da criança em 2007 devido à falta de evidências, segundo os promotores. Ele nega as acusações.
Promotores alemães o indicaram como suspeito pela primeira vez em 2020, quando ele já estava cumprindo a sentença por estuprar uma mulher de 72 anos em Algarve, em Portugal —mesma região onde Madeleine desapareceu em 3 de maio de 2007, nove dias antes de completar quatro anos.
O advogado de Brueckner, que nega qualquer conexão do suspeito com Madeleine, conduziu seu cliente para fora da prisão em um Audi, escoltado por duas viaturas da polícia e observado por jornalistas que aguardavam comentários sobre a libertação. Ele ainda não se pronunciou.
Brueckner viveu no Algarve entre 1995 e 2007, onde, de acordo com documentos judiciais vistos pela agência de notícias Reuters, assaltava hotéis e apartamentos. Foi ali também que ele estuprou uma americana de 72 anos em 2005. Além desse crime, o alemão tem condenações também por abuso infantil e tráfico de drogas.
Segundo os promotores, ele precisará usar uma tornozeleira eletrônica por cinco anos, apresentar-se a uma autoridade pelo menos uma vez por mês e declarar ao tribunal quaisquer mudanças em seu domicílio ou residência temporária. “Qualquer violação dessas condições poderia levar a uma multa ou até três anos de prisão”, afirmou o promotor Christian Wolters.
Em uma entrevista recente à agência de notícias AFP, Wolters, que não conseguiu impedir a libertação do suspeito devido à falta de provas para sustentar uma acusação, expressou preocupação com a liberação de um indivíduo que chamou de “intrinsecamente perigoso”.
A revista alemã Der Spiegel informou que o passaporte de Brueckner foi cancelado e citou um analista jurídico que descreve as condições como uma tentativa de mantê-lo “em uma espécie de detenção investigativa”.
As polícias de Reino Unido, Alemanha e Portugal, que identificaram Brueckner como o principal suspeito, há muito buscam evidências para ligá-lo conclusivamente ao caso.
Em junho, por exemplo, policiais portugueses e alemães fizeram uma operação de busca em uma área coberta por vegetação e imóveis abandonados perto de onde Brückner em Algarve, mas, até o momento, não houve anúncios sobre possíveis evidências encontradas.
A polícia britânica disse na última segunda (15) que ele recusou o pedido para uma entrevista relacionada ao desaparecimento. As autoridades afirmaram que continuarão a investigar quaisquer linhas de investigação viáveis.
Madeleine desapareceu de seu quarto em um resort de férias enquanto seus pais jantavam em um restaurante a poucos metros de distância. Apesar da enorme operação internacional de busca e de várias pistas investigadas, nenhum rastro da menina foi encontrado e ninguém foi acusado pelo desaparecimento.
Desde então, a família luta para que a menina, que agora teria 22 anos, seja encontrada. “Nós a amamos profundamente e sentimos sua falta além das palavras”, escreveram seus pais no site criado para mobilizar as buscas.
