
A atriz Thaís Vaz tem usado sua trajetória pessoal para conscientizar mulheres sobre os perigos e sinais de relacionamentos abusivos. Aos 19 anos, ela perdeu a visão do olho esquerdo após um episódio de violência doméstica. Atualmente, ela transforma sua história em um projeto teatral com o objetivo de alertar outras mulheres sobre esse tipo de agressão, cada vez mais comum e, muitas vezes, silenciosa.
Thaís ficou nacionalmente conhecida por sua atuação como Flávia na novela Malhação, exibida entre 1995 e 2020, com sua participação ocorrendo em 2004. Em entrevista publicada neste domingo (27) pela revista Marie Claire, ela relembrou em detalhes o episódio que marcou sua vida. A agressão aconteceu durante uma viagem de Carnaval com amigos para Cabo Frio, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, há cerca de 25 anos.
“Ele bateu no vidro, que quebrou com força e atingiu meu olho. Foi uma correria. Nem eu tinha entendido direito o que tinha acontecido. A janela formou uma bola com uma estaca, e o lugar onde ele bateu furou o braço dele. Ele perdeu muito sangue”, relatou a atriz.
Segundo Thaís, o episódio foi o ponto culminante de um relacionamento já marcado por outras agressões. “Teve um dia que ele me deu um soco na costela no meio da rua. E eu ainda fui atrás dele, porque já não tinha mais amor próprio, era difícil”, contou.
Após a agressão, ambos foram levados para o mesmo hospital, o que tornou a situação ainda mais traumática. “Foi super complicado, porque ele foi para o mesmo hospital que eu, e ficou esperando para operar. Eu também. Me colocaram numa maca gelada, o pessoal me atendeu super mal. Foi muito difícil”, relembrou.
O ferimento no olho esquerdo exigiu um longo tratamento, mas os danos foram irreversíveis. “No começo eu não tinha perdido totalmente a visão. Tive descolamento de retina, catarata traumática, corte na córnea… Tudo de pior. Depois de um tempo, a retina descolou de novo e não teve mais jeito. Fiz uma cirurgia de cinco horas, mas não consegui recuperar a visão”, declarou.
A atriz, que hoje se dedica à conscientização sobre o tema, transformou sua experiência em uma forma de arte e ativismo. Por meio de um projeto teatral, ela leva ao público discussões importantes sobre violência contra a mulher, autoestima e superação. Thaís destaca que o objetivo é mostrar que é possível sair de ciclos abusivos, mesmo diante das cicatrizes físicas e emocionais.
Com sua história de dor e resiliência, Thaís Vaz pretende alcançar outras mulheres que ainda enfrentam situações de violência silenciosa e, muitas vezes, invisível. Ao compartilhar o próprio trauma, ela reforça a importância da denúncia, do apoio e da reconstrução após a agressão.
Com mais de duas décadas de carreira, a atriz agora prepara a peça “Hiena: o riso sobre o tóxico”, baseada em sua história pessoal. “A hiena-malhada é um dos poucos animais com clã matriarcal. A fêmea que domina. Tem várias histórias envolvendo isso. Vou usar como metáfora da minha história. Falar sobre o resgate do instinto animal que a gente perde numa relação abusiva. É o instinto que dá o alerta”, explicou.
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