
Kilmar Abrego Garcia em prisão de El Salvador – ele foi identificado na imagem pela mulher, Jennifer Vasquez Sura
U.S. District Court for the District of Maryland via AP
Andy Perozo foi preso por não cumprir uma ordem de deportação dos Estados Unidos e, posteriormente, acusado —sem provas conclusivas— de integrar a organização criminosa “Tren de Aragua”. Por isso, foi enviado ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), temida prisão de segurança máxima de El Salvador.
“Chegou um guarda e disse: ‘Bem-vindos ao Cecot, ao inferno. Daqui ninguém sai’”, contou Andy ao relatar sua chegada à prisão salvadorenha. “Fomos recebidos com socos e pontapés. Quando ouvi aquilo, pensei: ‘Só Deus me tira daqui’”.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Segundo ele, os detentos tiveram os cabelos raspados, foram obrigados a vestir o uniforme da prisão e algemados novamente. “As pessoas desmaiavam, sangravam devido às agressões. Depois disso, não vimos mais os salvadorenhos. Tudo aquilo foi direcionado a nós, os venezuelanos”, relatou.
Ele descreve o momento da chegada à prisão como um ataque coordenado: “Os soldados abriam a porta do ônibus antes mesmo do motorista. Pareciam zumbis tentando agarrar as pessoas”.
Ao desembarcarem, foram recebidos pelo diretor do presídio, que teria dito: “Bem-vindos ao Cecot. Vocês nunca sairão daqui porque são membros do Tren de Aragua e são condenados como terroristas. Vou garantir que nunca mais comam frango ou carne”.
Apesar do trauma, Andy agradeceu ao governo venezuelano por ter conseguido o que ele considerava impossível: sua libertação. “Achei que nunca mais veria a luz do dia. Mas hoje estou livre”, disse.
Sua libertação ocorreu após um acordo de troca de prisioneiros entre os governos de Nicolás Maduro e Donald Trump, que permitiu o retorno de dez cidadãos norte-americanos detidos na Venezuela e a repatriação de cerca de 80 venezuelanos.
Venezuelanos presos em El Salvador imploram por liberdade
Famílias pedem atenção internacional
Em Caracas, familiares de detidos participaram de manifestações pacíficas pedindo apoio internacional. Muitos dos presos são jovens, estudantes ou trabalhadores que, segundo seus parentes, não têm histórico criminal. As manifestações ocorreram em frente a centros de detenção e embaixadas, como a do Brasil, onde foi entregue uma carta ao presidente Lula solicitando apoio humanitário.
O governo venezuelano tem buscado ampliar seus contatos com outros países, inclusive por meio de acordos como o que resultou na repatriação de Perozo. Ao mesmo tempo, representantes da União Europeia mencionaram preocupações com os direitos humanos em reuniões recentes com autoridades chinesas, sinalizando que o tema continua presente na agenda internacional.
O Cecot, considerado uma das maiores prisões de segurança máxima da América Latina, tem sido alvo de atenção internacional por suas rígidas condições de detenção e pelo número elevado de presos acusados de envolvimento com o crime organizado.
LEIA TAMBÉM:
Governo Trump diz ter pago US$ 6 milhões para mandar venezuelanos a megaprisões de Bukele em El Salvador
Por que Trump deportou centenas de venezuelanos apesar de Justiça ter proibido
VÍDEO: venezuelanos presos em El Salvador imploram por liberdade durante visita de aliado de Trump