
Em entrevista ao portal LeoDias, a pediatra Patrícia Consorte destaca o papel imunizante como principal barreira para conter o aumento dos casos e alerta para sintomas graves da doença
Em pleno inverno, com termômetros marcando média de 11ºC em São Paulo, na manhã desta segunda-feira (7/7), um surto agressivo de gripe tem atingido principalmente o público infantil no Brasil. A doença voltou com sintomas mais intensos e evolução rápida, especialmente nos pequenos.
Conforme dados do Ministério da Saúde, menos de 40% da população brasileira recebeu a vacina contra a gripe este ano, com uma cobertura ainda mais preocupante entre crianças, inferior a 31%. A baixa adesão à campanha tem preocupado especialistas, como a pediatra Patrícia Consorte. Em entrevista ao portal LeoDias, ela destaca o papel imunizante como principal barreira para conter a gravidade dos casos.
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“Estamos vendo casos de crianças que, em poucas horas, vão de um simples espirro a febres altas e quadros respiratórios intensos”, afirma a médica, que atua na clínica Consorte, em São Paulo, diante do aumento expressivo de atendimentos por síndromes gripais e internações pediátricas nas últimas semanas.
De acordo com a especialista, muitos pais têm subestimado os sintomas iniciais, confundindo sinais de gripe com um resfriado comum, o que atrasa a procura por atendimento médico. “O tempo de resposta é fundamental. Essa nova cepa está provocando reações mais abruptas no organismo das crianças”, explica.
Nos consultórios e prontos-socorros, os sinais mais recorrentes têm sido febre acima de 38,5 °C, tosse persistente, prostração, dificuldade para respirar e recusa alimentar. Casos de complicações como pneumonia e infecções de ouvido também estão em alta, o que reforça a necessidade de diagnóstico precoce.
Patrícia destaca que para acelerar o tratamento, algumas unidades de saúde e clínicas particulares têm adotado o teste rápido para influenza, que identifica a gripe em poucos minutos.
Além da testagem, a pediatra reforça a importância do isolamento de crianças sintomáticas, uso de máscara em ambientes fechados e, principalmente, a vacinação. “A gripe não é uma doença leve. Em crianças, ela pode ser devastadora. Vacinar é um ato de amor e responsabilidade”, enfatiza.
A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as crianças entre seis meses e menores de seis anos sejam vacinadas, além de grupos de risco como gestantes, puérperas, idosos e profissionais de saúde. Apesar das campanhas publicitárias, a procura pela vacina tem sido abaixo do esperado.
Enquanto o país observa um aumento nos casos e os hospitais lidam com maior pressão na ala pediátrica, Patrícia Consorte pede atenção redobrada dos pais: “Febre alta repentina, cansaço fora do comum e respiração acelerada não podem ser ignorados. Estamos diante de uma gripe mais agressiva, que exige reação rápida”.