Com tantas opções de cremes e loções no mercado, montar uma rotina de cuidados com a pele pode parecer difícil. Surgem dúvidas sobre a ordem correta de aplicação e o produto mais adequado para cada tipo de pele e faixa etária.
O interesse do brasileiro por cuidados faciais aumentou. Pesquisa realizada em dezembro pela Opinion Box mostrou que 73% dos entrevistados passaram a cuidar mais da pele nos últimos anos.
O mesmo levantamento apontou que 57% das pessoas têm uma rotina diária de cuidados, sendo a maioria (68%) mulheres. Entre os hábitos mais comuns estão uso de protetor solar (48%), hidratação (37%) e limpeza facial (28%). Já as principais preocupações são relacionadas a manchas (40%), oleosidade (40%) e rugas (36%). A pesquisa ouviu 1.056 brasileiros de todas as regiões do país, por meio de questionário online.
A Folha consultou três dermatologistas que sugeriram um ritual básico de cuidados diários: limpeza, hidratação e fotoproteção. O protocolo pode incluir outros ativos, e a recomendação varia conforme a idade e as características da pele. Veja:
Infância e adolescência
Após os seis meses de vida e a partir do momento em que existe exposição diária e contínua ao sol, os especialistas já indicam uso de filtro solar, como afirma Juliana Kida, médica dermatologista e integrante da diretoria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
“Higienização e proteção solar é o básico para todo mundo, lembrando que precisa ser de acordo com cada tipo de pele”, diz.
Para limpeza, são recomendados sabonetes faciais com propriedades calmantes, como aloe vera, afirma a dermatologista Maria Paula del Nero. Como etapa adicional, ela também indica o uso de hidratantes com ceramidas, alantoína ou ácido hialurônico.
Com o avançar da idade, alterações hormonais (como a menarca, no caso das meninas) podem provocar mudanças na pele, que tende a ficar mais oleosa e acneica, especialmente na adolescência.
Casos mais intensos de oleosidade podem demandar produtos adstringentes, diz Del Nero. O uso de esfoliantes também pode ajudar quem sofre com cravos ou possui poros mais abertos.
A partir dos 25 anos
Com o início do processo de envelhecimento, os dermatologistas recomendam o uso de ativos para prevenir rugas e outros sinais da idade.
A vitamina C é um deles. “Ela tem ação preventiva e é especialmente indicada para peles secas“, diz Kida. O ativo, um antioxidante que combate radicais livres e potencializa a proteção solar, não costuma ser recomendado para quem tem rosácea ou sensibilidade extrema.
Outra aliada para essa faixa etária é a niacinamida (derivada da vitamina B), mais indicada para peles oleosas. O composto ganhou popularidade por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que ajudam na hidratação, uniformização do tom da pele e redução de manchas. Segundo Kida, o efeito do ativo tende a ser potencializado quando associado a outros tratamentos.
Nessa fase, a pele começa a produzir menos colágeno, como destaca del Nero. Por isso, ela também recomenda incluir ácido glicólico na rotina de skincare para estimular a síntese dessa proteína.
Para pessoas de até os 30 anos os médicos costumam recomendar a aplicação desses ativos em concentrações mais leves, como as encontradas em séruns.
A partir dos 40 anos
Nessa fase da vida, devido principalmente a fatores hormonais, a pele das mulheres tende a ficar mais seca. Um dos ativos indicados é o ácido hialurônico, que ajuda na hidratação da pele e no estímulo da produção de colágeno.
Os especialistas também recomendam reduzir o uso de sabonetes agressivos e adstringentes, normalmente indicados para peles oleosas.
Outro ativo bastante recomendado para 40+ é o retinol (vitamina A), que estimula a produção de colágeno e melhora a textura da pele. “É especialmente indicado para peles maduras”, afirma Kida. É contraindicado, contudo, para gestantes e pessoas com sensibilidade cutânea, como rosácea, pois pode aumentar a irritação.
Hidroquinona e tretinoína ajudam a clarear manchas como melasma, comum após os 40 anos devido a alterações hormonais, mas podem causar irritação em peles sensíveis ou com quadro de dermatite.
Quanto à forma de aplicação, Reinaldo Tovo, dermatologista do Hospital Sírio-Libanês, recomenda produtos em loção hidratante, gel-creme ou creme, que proporcionam maior hidratação.
Após os 50 anos
A partir dos 50 anos, a pele tende a ficar mais ressecada, especialmente devido a condições como a menopausa, afirmam os especialistas. “Nesses casos, o ideal é priorizar ativos hidratantes, umectantes e nutritivos”, diz Del Nero.
São indicados produtos com ácido hialurônico e niacinamida, que além de promover a hidratação ajudam a reduzir rugas e linhas finas.
Outra aliada é a vitamina E, eficaz para hidratação profunda —não recomendada apenas para peles oleosas, pois pode agravar quadros de acne.
Outras recomendações
Os especialistas afirmam que, independentemente da idade ou do tipo de pele, o ideal é realizar avaliações dermatológicas periódicas —a cada seis meses, de preferência, ou durante as mudanças de estação. “As variações climáticas entre estações costumam provocar alterações significativas na pele”, diz Juliana Kida.
Fatores como predisposição genética, condições dermatológicas específicas e uso contínuo de medicamentos também pedem acompanhamento especializado, pois podem causar transformações importantes na pele.
Os dermatologistas reforçam que os cuidados cutâneos devem ser constantes ao longo da vida, destacando a importância do diagnóstico precoce para prevenção e tratamento adequado. “A acne dos 18 é diferente da acne dos 30, então o tratamento costuma ser diferente”, afirma Reinaldo Tovo.
Quanto à ordem de aplicação dos produtos, varia conforme o tipo de ativo. As vitaminas, por exemplo, devem ser aplicadas logo após a limpeza facial e antes do filtro solar. Já os ácidos têm seu uso recomendado durante a noite.
“Esse é o momento mais adequado para a aplicação de cremes antienvelhecimento e tratamentos específicos, pois a pele está em seu melhor estado de absorção”, explica Tovo.
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