Putin diz aos BRICS que modelo de globalização liberal “tornou-se obsoleto”

“A mudança na ordem econômica mundial continua ganhando força. Todos estamos testemunhando que o modelo de globalização liberal se tornou obsoleto”, afirmou.

Como resultado, ele acrescentou: “o foco da atividade empresarial está se deslocando para os mercados em desenvolvimento, o que está impulsionando uma grande onda de crescimento — inclusive nos países do BRICS”.

Putin destacou que os países do BRICS representam não apenas um terço da superfície terrestre e quase metade da população mundial, mas também “40% da economia global”.

“O PIB total, em termos de paridade do poder de compra, já atingiu 77 trilhões de dólares, segundo o FMI. Aliás, nesse indicador, o BRICS supera significativamente outros blocos, como o G7, que tem 57 trilhões”, afirmou.

Putin também ressaltou que 90% das transferências entre a Rússia e os demais países do bloco são feitas em moedas nacionais, e elogiou o apoio do Brasil à iniciativa da presidência russa de criar uma bolsa de cereais, já que o grupo BRICS representa 44% da produção mundial de grãos.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu neste domingo, no Rio de Janeiro, os líderes dos BRICS para a cúpula anual do grupo, marcada pela ausência de nomes como o presidente russo Vladimir Putin e o presidente chinês Xi Jinping.

Entre os líderes presentes estão o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed; o da Índia, Narendra Modi (que foi o segundo a chegar); e o da Indonésia, Prabowo Subianto.

Também participam o presidente de Angola e atual líder da União Africana, João Lourenço, além do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, entre representantes de cerca de 30 países e dez organizações internacionais.

Uma das ausências mais notadas é a de Vladimir Putin, que recusou o convite de Lula devido ao mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional, por supostos crimes cometidos na guerra da Ucrânia. Ele será representado pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

Mais surpreendente foi a ausência do presidente da China, Xi Jinping, que tem sido presença constante em edições anteriores da cúpula. Ele foi substituído pelo primeiro-ministro Li Qiang.

Neste domingo, os chefes de Estado e de Governo dos BRICS participam de duas sessões plenárias: a primeira sobre “Paz, Segurança e Reforma da Governança Global”, e a segunda sobre “Fortalecimento do Multilateralismo, Questões Econômico-Financeiras e Inteligência Artificial”.

Nessa última, deve ser discutida a revisão das participações acionárias no Banco Mundial, o realinhamento das cotas do FMI e o aumento da representatividade dos países em desenvolvimento em cargos de liderança em instituições financeiras internacionais, além da importância de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

Além disso, como tem ocorrido nas reuniões ministeriais dos BRICS nos últimos meses, o grupo deve apresentar uma denúncia contra o aumento de medidas protecionistas unilaterais consideradas injustificadas, em referência às políticas adotadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e também deve reforçar o apelo ao uso das moedas locais no comércio entre os países do bloco.

Na segunda-feira, último dia da cúpula, a sessão plenária será dedicada aos temas “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global”.

O grupo BRICS foi inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e desde o ano passado passou a contar com seis novos membros efetivos: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia.

Além deles, também fazem parte como membros associados: Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

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