
Policiais franceses realizaram uma intervenção incomum nas primeiras horas desta sexta-feira (5), ao entrar no mar e inutilizar com facas um bote inflável superlotado de migrantes na costa sul de Boulogne, segundo reportagem da BBC. A embarcação, que levava homens, mulheres e crianças, balançava perigosamente nas ondas quando foi esvaziada. Todos os ocupantes conseguiram sair com vida.
De acordo com a BBC, esse tipo de ação raramente é adotado, pois a polícia francesa costuma evitar entrar na água para não colocar vidas em risco. No entanto, diante do cenário caótico e da ameaça iminente, os agentes decidiram agir. Um dos policiais retirou o colete de proteção, pegou uma pequena faca e disse: “Vamos entrar”. Outros o seguiram, tirando os equipamentos e correndo para o mar.
A situação sugere que as autoridades francesas estão sob crescente pressão para conter o aumento das travessias clandestinas rumo ao Reino Unido. Ainda segundo fontes ouvidas pela BBC, está em estudo o uso mais intenso de barcos de patrulha para interceptar as “lanchas-táxi” antes do embarque — em vez de ampliar ações agressivas nas praias.
O bote em questão já apresentava pane no motor e estava sendo sacudido pelas ondas. Crianças gritavam com medo de serem esmagadas. Testemunhas relataram que dois grandes grupos, com cerca de 100 pessoas, correram das dunas em direção à água usando coletes salva-vidas. A primeira embarcação passou lotada e não parou. A segunda, quase vazia, tentou se aproximar da praia, o que desencadeou um tumulto com dezenas de pessoas tentando embarcar com a água pela cintura.
Inicialmente, os policiais apenas observavam da areia, repetindo que só poderiam intervir para salvar vidas. Mas, com a embarcação à deriva e os traficantes distraídos tentando religar o motor, os agentes avaliaram que havia uma janela segura para agir. Um deles cortou o casco do bote com uma faca enquanto os migrantes gritavam em desespero.
Uma menina que estava espremida na parte de trás da embarcação, próxima ao motor, foi retirada às pressas. Em seguida, a polícia arrastou o bote até a praia. Os migrantes recolheram rapidamente seus pertences e seguiram pelas trilhas nas dunas até uma vila próxima, de onde pegariam ônibus de volta aos campos de migrantes ao norte.